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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

EXÚ ORIXÁ: A FORMA E A FUNÇÃO


Trexo do texto de Jaime Sodré
Professor universitário, mestre em História da Arte, doutorando em História Social
PhD em História da Cultura Negra
e religioso do candomblé: É Xicarongoma Ogan do Candomblé.



Na cosmovisão africana, o cosmo é um conjunto rigorosamente hierarquizado onde o
homem inclui-se nesta relação, através de um permanente diálogo com os elementos desse universo, em
especial a natureza.

O santuário natural, conhecido como um espaço mágico-religioso, reproduz-se nos territórios sacralizados
conhecidos como “terreiros de candomblé”, enquanto espaço ritual, social e físico, onde organizam-se,
simbolicamente, as divindades do universo afro-brasileiro enquanto patrono das águas, do ar, do fogo; os
ancestrais, etc. É neste conjunto representativo das divindades que um elemento intermediador, singular,
manifesta-se: EXU.

Entre os iorubás o lugar consagrado a Exu é constituído por pedaços de pedras porosas chamada yangi ou
por um montículo de terra modelada numa forma similar a figura humana que tem olhos, nariz e boca
assinalados por cauris (búzios).
atual.
Dos olhos de búzios e modelados em argila, verdadeiras esculturas assentadas
em alguidares, onde regado de ervas e sangue assumem seu dinâmico papel religioso,
Outras vezes são representados por uma estátua que contém fileiras de cauris,
tendo às mãos uma pequena cabaça (adó) que no seu interior leva ingredientes com poderes mágicos para a
realização dos seus trabalhos, nestes casos, seus cabelos projetam-se numa longa trança sobre o crânio com a
finalidade de ocultar a lâmina de uma faca que ele possui no alto do crânio.

Sua abrangência espacial é enorme, em especial nas
encruzilhadas e espaços esconsos do planeta.

Sobre os protótipos africanos Mariano informa: existem dois tipos de representação plástica de Exu entre os
nagô-Yorubá.
-Uma organizou-se em torno de um monte de laterita ou lama escura... Tais montículos encontram-se nas cidades, no santuário principal de Exu e em cada mercado. Esses altares têm, por vezes,
uma vaga configuração de rosto humano feito de cauris incrustados....
-Outro grupo de esculturas
encontram-se sobretudo nas cidades nigeriana, onde sua divindade chama-se Exu-Elegbá ou Elegbara, orixá
ligeiramente diferente do Legbá Daomeano. São, em geral, estatuetas de personagens masculinos e
femininos, cujo traço mais característico é a cabeleira longa e recurvada para trás e sempre pintada de preto.
A masculina porta, via de regra, algo recobrindo as partes sexuais... Quanto à feminina, encontra-se em
geral ritualmente despida... Enfim, há quantidade razoável de representações plásticas de Exu nas artes de
característica sacra feminina.

A exacerbação dos aspectos de sexualidade fálica e da contravenção, não encontra ressonância importante
nas casas de culto afro-brasileiras que mantém o ideário de mensageiro, onde Exu se esmera nas práticas das
ações recomendadas.
A sobrevivência desse personagem nas atividades rituais dos cultos de vinculação africana deve-se ao seu
caráter dinâmico, adaptando-se a diversos contextos, incorporando elementos, reformulando-se, negociando
sua permanência até os limites do essencial, mantendo sua singularidade e semelhança ao ser humano,
refletindo as virtudes e defeitos, que não são exclusivamente dele, Exu, e sim da humanidade.

O símbolo é o que se pensa dele, é o que se diz dele e fala quando falamos e pensa e age quando pensamos
e agimos.
Finalizamos recorrendo mais uma vez a Mariano Carneiro da Cunha no Brasil, Exu assume todos esses
atributos e mais a revolta de uma cultura de resistência contra os valores impostos pela sociedade
dominante.
Isto é, o Hermes africano reúne em si mesmo os elementos de uma metáfora expressiva que simboliza a cultura negra num ambiente hostil: esta para sobreviver e se afirmar, serve-se do símbolo
antagônico por excelência da religião dominante, para veicular uma visão de mundo própria onde a ênfase
é posta na contestação.


Referências
CARNEIRO, Edson. Candomblés da Bahia. Rio de Janeiro: Ed. Ouro. 1961.
CARNEIRO, Edson. Negros Bantos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1937.
CASTRO, Yeda Pessoa de. A Presença Cultural Negro-Africana no Brasil: Mito e Realidade. Salvador:
CEAO, Ensaios/ Pesquisa n 10/07/1981.
CUNHA, Mariano C. da. Arte Afro-Brasileira in História Geral da Arte. ZANNINI, Walter; São Paulo:
Inst. Moreira Sales. 1983.
LODY, Raul. 7 Temas da Mítica Afro-Brasileira. Rio de Janeiro. Ativa. 1982.
LODY, Raul. Espaço Orixá Sociedade: Arquitetura e Liturgia do Candomblé. Salvador: Ianamá. 1988.
LODY, Raul. Candomblé, Religião e Resistência Cultural. São Paulo: Ática, 1987.
MARTINS, Vera. Artistas do Sagrado, in Revista da Bahia. Salvador: EGBA. 1984. v. 303, no. 14 Set/nov.
VERGER, Pierre F. Orixás. São Paulo: Currupio, 1992.

http://www.veracidade.salvador.ba.gov.br/v5/pdf%5Cartigo4.pdf



Livro indicado:
Da diabolização à divinização: a criação do senso comum, de Jaime Sodré
Publicação, da Editora da Universidade Federal da Bahia - Edufba


ISBN: 978-85-232-0720-5
Número de páginas: 109
Formato: 16 x 23 cm
Ano: 2010

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