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sábado, 5 de novembro de 2011

NAÇÃO OYÓ

A maioria dos rituais africanos praticados dentro do Rio Grande do Sul, vem do interior da África, principalmente das regiões da Nigéria onde encontramos as cidades de Ìlèsà, cujo povo é conhecido como da nação Ijexá e Oyó, a terra de Xangô, o Obá (Rei) de Oyó.

No Brasil a vida útil do negro, escravo, era muito curta, pois passavam a maior parte de suas vidas trabalhando para seus servos; fora as epidemias e outras doenças, na época incuráveis, que acabaram matando centenas dos nossos antepassados. Devido a estas e outras dificuldades, nossos antigos sacerdotes acabaram levando para o túmulo muitos conhecimentos dos rituais sagrados africanos; Contudo ainda conseguimos guardar boa parte dos fundamentos das diversas nações vindas da África, berço histórico do Brasil; entre estes fundamentos temos a nação Oyó cujas tradições de seus rituais permanecem vivos aqui em Porto Alegre, e em algumas cidades do interior do estado. Para nós Riograndenses é um privilégio ter a presença desta nação, pois quase não se ouve falar de Oyó em outras partes do Brasil, pois raras foram as vezes em que os interessados na captura de escravos conseguiram atingir as localidades do interior da Nigéria, como as cidades de Oyó e Ilexá.

Uma das fontes da nação Oyó na cidade de Porto Alegre foi a Sra. Ermínia Manoela de Araújo, conhecida como mãe Donga de Oxum. Era filha de Oxum (Osun) com Ossãe (Osányìn); morava na colônia africana, nas imediações onde é hoje o Auditório Araújo Viana.

Dona Ermínia nasceu no dia cinco de maio de 1889, era uma negra de grande sabedoria, e seguia as tradições religiosas de acordo com o que herdou de seus genitores, que praticavam as culturas de Oyó e Ijexá juntos, já naquela época, até por que são nações de muita proximidade dentro do território nigeriano, inclusive a língua Yorubá é o idioma falado pelos dois povos, com apenas algumas diferenças no dialeto.

Nas aldeias africanas os assentamentos de Orixás eram feitos para servir uma comunidade inteira, até mesmo uma cidade, e toda população se dedicavam aquele Orixá cultuado na região; os assentamentos, os rituais, as obrigações ficavam de uma geração para outra; tem lugares que ainda hoje, conservam assentamentos de Orixás com quatrocentos anos ou mais, eu mesmo visitei um terreiro em Salvador que mantém um Xangô Ogodô, trazido da África, cujo assentamento foi feito a mais de duzentos anos. Foi esta tradição que deu origem ao Xangô Aganjú do Povo. As tradições deste ritual foram passados à mãe Donga, e não é apenas um okutá de Xangô, é sim um conjunto de Orixás (Irúnmòle), que foram preparados para servir a comunidade inteira daquela família religiosa de tradição Oyó da bacia de mãe Donga de Oxum, e ser passado pelas gerações vindouras. E assim aconteceu; os assentamentos após passar por vários terreiros de Oyó, hoje estão, nas mãos de uma descendente direta de mãe Donga, a Yalorixá Nélia de Ossãe, que humildemente tem a guarda destes assentamentos em seu terreiro. Antigamente era escolhido um Axogum (Asògún), ou seja, um homem que teria a função de fazer o sacrifício dos animais para este ritual; um deles foi o senhor Mário Lopes, que após um derrame passou o cargo ao Sr. Rolim de Oxalá, que morou na rua Lucas de Oliveira, e antes de falecer passou a responsabilidade para o sr. Jorge de Xapanã; após sua morte não se teve uma pessoa exclusivamente para fazer os sacrifícios para Xangô Aganjú do Povo, hoje a responsabilidade da matança é da pessoa que tem a guarda dos assentamentos em seu terreiro, e a data da festa é sempre o dia vinte e dois de julho, que antigamente movimentava todo o povo de santo de Porto Alegre e arredores.

Ermínia Manoela de Araújo teve quatro filhos: Maria Rosaura de Araújo Souza, ficou conhecida como mãe Rosália de Xangô, nasceu em 8 de abril de 1911 e faleceu em 05 de agosto de 1989; Luiza de Araújo Souza, conhecida como tia Luiza de Ogum, nasceu em 25 de novembro de 1915 e morreu em 19 de julho de 1994; Mário de Araújo Souza, conhecido como Mário Bocão, filho de Odé, não temos certeza das datas de seu nascimento e morte; e a outra filha era Lurdes de Araújo Souza, cujo Orixá era Xapanã, também não temos certeza das datas de seu nascimento e morte. Dona Ermínia (Donga de Oxum) contraiu a gripe espanhola e faleceu em 1918, deixando os quatro filhos pequenos, tia Rosália de Xangô com seis anos e sua irmã Luiza de Ogum com dois anos de idade, e os outros dois filhos também pequenos. Em Porto alegre, foi criado um cemitério especialmente para as vitimas da gripe espanhola, que matou em todo país cerca de 300 mil pessoas.

O único filho de santo que Dona Donga de Oxum deixou pronto com todos os assentamentos foi o Sr. Antoninho de Oxum, que herdou além das tradições religiosas, também todos os seu filhos de ventre e de axé (filhos de santo); as informações sobre a vida de mãe Donga me foram passadas pela Yalorixá Nélia de Ossãe, filha carnal de tia Luiza de Ogum.

Dona Donga tinha uma cunhada que também seguia as tradições da nação Oyó, chamada dona Leopoldina de Oxalá, que também passou ser filha de santo e auxiliar de Pai Antoninho, junto com uma outra senhora chamada carinhosamente de Velha, que também foi uma luz neste antigo terreiro. Antoninho de Oxum trabalhava fora e ainda arrumava tempo para se dedicar a inúmeros filhos de santo e consulentes que o procuravam; teve dois filhos carnais, e outros tantos de criação, entre elas dona "dona Maria Garçoneta" que morava nas imediações da Igreja Nsra. Do Trabalho, tive a felicidade participar de um batuque em seu ilê, na Vila Ipiranga.

Em tempos passados os Babalorixás e Yalorixás, além da prática religiosa, dedicavam-se à caridade, a maioria tinha muitos filhos de criação, inclusive se um indivíduo estivesse passando necessidades, era acolhido no terreiro até que tivesse condições de sobrevivência, aquele ia embora e já dava lugar a outro.

Hoje, em alguns casos, é difícil até mesmo a própria sobrevivência dos sacerdotes, já não da mais para seguir o exemplo de amparar os necessitados nos terreiros.

A maioria do pessoal que escreve sobre a religião africana no Rio Grande do Sul, cita o Príncipe Custódio como introdutor dos rituais de Batuque aqui no sul, não é bem assim, pois o negro se faz presente neste Estado muito antes da família de Osuanlele (Príncipe Custódio) ser retirada em 1897 de Benin (antigo Daomé), já no censo da população do Rio Grande do Sul, feita no ano de 1814, nos mostra uma população negra expressiva perfazendo um total de 36,7% de afro-brasileiros, contra um total de 45,6% de brancos no estado, outro dado relevante é que pesquisadores, sérios, situam o período inicial do Batuque nesta região entre os anos de 1833 e 1859, na mesma época em que o Candomblé ganhava espaço na Bahia. O lendário Príncipe Custódio só pisa em solo gaúcho no ano de 1899, na cidade de Rio Grande, e já encontra aqui rituais religiosos de origem africana, popularmente denominada de Batuque. Ele contribuiu sim com nossa religião, com seus contatos políticos, pois Custódio, vinha de uma família nobre, sua saída da África foi política; ele sabia como se destacar e fazia bom uso de sua sabedoria religiosa, o que ajudou a travar as perseguições as casas de culto africano. As pesquisas realizadas para saber sobre as nações Oyó, Cabinda, Ijexá e Jêje nos comprovam que o Batuque se estabeleceu aqui no Rio Grande do Sul há quase dois séculos;

Ainda falando da nação Oyó outra contemporânea de mãe Donga de Oxum foi mãe Andrezza Ferreira da Silva, que foi pronta na religião por um velho babalorixá que ainda tinha a sua volta alguns africanos nativos, e ela teria vivido de 1882 a 1951 em Porto Alegre.

Dos descendentes religiosos da raiz de Pai Antoninho de Oxum, os que mais se destacaram foram: a yalorixá Rosália de Xangô, que morreu com 79 anos de idade; morou alguns anos na rua Souza Lobo, na vila jardim, onde tive o privilégio de participar de um ritual de Batuque em seu ilê; sua irmã de ventre e de axé que foi tia Luiza de Ogum que morreu com 78 anos, morou na avenida Saturnino de Brito, 408 na vila jardim, deixou dois filhos, uma é Nelia de Ossãe, que é quem mantém vivo o ritual do Xangô Aganjú do Povo em Porto Alegre, e o outro filho já é falecido. Outra mãe de santo que se destacou muito, uma das mais importantes, depois de Antoninho, foi a sra. Lídia Gonçalves da Rocha, popularmente conhecida como mãe "Moça de Oxum", que entrou para a religião africana aos cuidados de pai Antoninho de Oxum por motivos de doença e se tornou a mais destacada yalorixá da nação Oyó dos últimos tempos; podemos citar também, Cecília de Xangô Aganjú; mãe Leopoldina de Oxalá que era cunhada de mãe Donga de Oxum; Mocinha de Oxalá; Mário "bocão" se destacou como Alabê (tamboreiro) da nação Oyó e também aprendeu a tocar Jêje com os aquidavis; Jorgina de Xapanã; Dilina de Oxum; mãe Manoela Mendonça de Oxum; Pai Máximo de Odé, que também era tamboreiro; pai Máximo de Odé também foi pai de santo de Tia Valesca, esposa de pai Antoninho; Mijica de Yemanjá; Benjamim de Oxalá; Camarada de Yemanjá; mãe Quininha de Oyá, mãe Andressa de Oxum; mãe Manoelinha de Oxum, mãe Miguela de Xangô, esta Yalorixá foi uma das ultimas a fazer durante os toques, a fogueira de Xangô, e paramentava todos os Orixás com suas vestes e indumentárias; A mãe Oxum de pai Antoninho também se paramentava quando "incorporada" em seu filho, usava suas vestes com muitas pedrarias. Doralice da Silva Alves, conhecida como Chininha de Oxalá, era casada com pai Máximo de Odé, ela também tinha o apelido de "Caquinha" e aprontou outros bons descendentes do Oyó como a mãe Vera de Ossãe e Sarinha de Xangô, que completou 60 anos de assentamento de seu pai Xangô no dia 18 de outubro de 2004; outros da raiz Oyó que podemos citar são as pessoas de Guilhermina de Yemanjá, que era cozinheira da casa de Antoninho, e também fez "pirão" na casa de muita gente antiga do Oyó; João Gumercindo Saraiva, esposo de dona Doralvina; Yatolá de Oyá, pai Darci de Oxalá, entre outros; Felisberto de Ossãe. Outras pessoas que também se destacaram na nação Oyó foram: mãe Apolinária Batista, Olga da Iansã, Fábio de Oxum, Tim de Ogum, mãe Albertina de Obá; Edelvira de Oxalá, pai Acimar de Xangô; Luiz de Bará; Paulinho de Xangô (filho de santo de mãe Rosália de xangô);; Esperança de Oyá; Toninho de Xangô, herdeiro espiritual de pai Acimar de Xangô. Vários informantes dizem que pai Joãozinho de Bará, também teve uma breve passagem pelas mãos de pai Antoninho de Oxum.

Pai Antoninho de Oxum morou no Mont'Serrat, na cidade de Porto Alegre, e segundo consta faleceu no ano de 1932.

E mais recente, na história do Oyó, podemos citar alguns descendentes da geração de mãe Moça de Oxum, que também contribuem ou contribuíram para continuidade dos rituais de Oyó como: Laudelina de Bará; Valdomiro de Oxalá, alabê, Zeca Neto de Oxalá; Carola de Oxum; Eva de Oxum; Leinha de Oxum, (falecida em fevereiro de 2005) e Odete de Oxum entre outros.

Há uma outra grande raiz da nação Oyó que derivou de uma famosa mãe de santo chamada Emília fontes de Araújo, Mãe Emília de Oyá. Era descendente de uma família nobre da África, morou na rua Visconde do Herval em Porto Alegre, era contemporânea de Antoninho da Oxum, porém não tinham ligações de bacia, apenas elos de nação. Segundo informações coletadas junto a Pai Paulinho de Agandjú, Mãe Emília faleceu por volta de 1930 e deixou vários herdeiros de seu ritual, onde podemos citar: Mãe Alice de Oxum; Pai Alcebíades de Xangô; Vó Dóca de Yemanjá que morava na av. Praia de Belas esquina com a rua Rodolfo Gomes, Mãe Matilde Fabrício, mãe carnal de Mãe Nenéca de Xangô, que também é herdeira espiritual desta raiz do Oyó; Mãe Cadinha de Odé; Mãe Araci de Odé, que faleceu com 112 anos de idade, e seu Orixá Ode tinha 91 anos de assentamento. Dona Araci fez um ritual de entrega de Axé de Búzios na casa de mãe Ilda de Obá no qual eu estava presente, e até então nunca tinha assistido algo igual. As obrigações do ritual fúnebre de mãe Araci foram feitas por Pai Paulinho de Agandjú, por recomendações expressas da própria Araci, que deixou gravado sua exigência. Eram também da casa de Mãe Emília as pessoas de Negrinha de Odé; Ramiro de Ogum; Dona Rola, esposa de Pai Alcebíades de Xangô.

Mãe Alice de Oxum, se destaca também nesta ramificação do Oyó, deixando vários herdeiros espirituais, entre estes podemos citar a mãe Nicóla de Xangô Dadá, que morou na rua Cuibá, 95 e faleceu em 1975 aos 69 anos de idade, vitima de derrame. Mãe Nicóla deixou vários filhos de santo, um dos que mais se destacou e ainda hoje cumpre os rígidos rituais de sua raiz é a pessoa que nos passa estas informações, Pai Paulinho de Agandjú, com 64 de idade, e seu Orixá com 50 anos de assentamento. Com a morte de Mãe Nicóla, terminou de aprontar na religião alguns de seus descendentes como, Pai Adãozinho de Bará, um dos principais Alabês da Nação Oyó. Pai Paulinho fala com autoridade dos rituais que pratica, como a obrigação de Tumbê, Arikú e muitas outras que ainda mantém; e nos cita como sendo ordem de toque para os Orixás de seu terreiro a seguinte seqüência: Bará, Ogum, Xapanã, Odé, Ossãe, Orunmilá, Obokun, Xangô, Ibejis, Agandjú, Yemanjá, Otim, Obá, Nana Buruku, Yewa, Oxum, Oyá e Oxalá.

Alguns sacerdotes nos dão a informação no tocante aos rituais de Batuque da nação Oyó, dizendo que a ordem de toque para os Orixás em seus terreiros seguem quase a mesma seqüência da nação Ijexá: Bará, Ogum. Oyá, Xangô, Ibejis, Odé, Otim, Obá, Ossãe, Xapanã, Oxum, Yemanjá e Oxalá; e outros dizem que as casas antigas de Oyó, tocavam primeiro para os Orixás masculinos, e depois para as Yabás (Orixás femininos) na seguinte ordem: Bará, Ogum, Ossãe, Xapanã, Odé e Otim, Xangô, Ibejis, Obá, Oyá, Oxum, Yemanjá e Oxalá. O fato é que há varias fontes da mesma nação, cada uma seguindo os costumes de seu terreiro de origem, muitos se vendo num segmento de nação pura, outras mesclando com outras nações, e assimilando outras práticas em seus rituais.

Das antigas nações africanas que se fixaram no Rio Grande do Sul, e que foram submetidas, a variados graus de mudança e assimilação, ressalta a do Ijexá como a que melhor conservou a configuração africana original absorvendo outras nações. Os sacerdotes e iniciados por mais antigos que sejam, nos cultos africanos no Rio Grande do Sul, na maioria, se mesclaram com o Ijexá, esse processo, entretanto, não eliminou de todo a consciência histórica e certas tradições religiosas que predominam tanto no Oyó como também no Jêje e na Cabinda.

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