Da antiguidade, até o séc. XVIII, não existia um sistema oficial de classificação botânica. Vigorou por muito tempo a “Teoria das Assinaturas” ou “Doutrina das assinaturas”, que se baseava nas similitudes, segundo a qual a planta já traz na sua aparência o uso a que se destina. Como exemplo
, algumas orquídeas, cujo bulbo lembra testículos, eram utilizadas para aumentar o apetite sexual do homem. O grão de café, que tem aparência de um pequeno cérebro, tinha a função de tonificar e ativar a memória.
"DOUTRINA DAS ASSINATURAS" SERÁ PURA COINCIDÊNCIA?
Cenoura/olho
Uma fatia de cenoura parece um olho humano.
A pupila, íris e linhas raiadas são semelhantes ao olho humano e, a ciência agora mostra que a cenoura fortalece a circulação sanguínea e o funcionamento dos olhos.
Tomate/coração
Um tomate tem quatro câmaras e é vermelho. O coração é vermelho e têm quatro câmaras. Toda a investigação mostra que o tomate é de fato um puro alimento para o coração e circulação sanguínea.
Uvas/células sanguíneas
As uvas crescem em cacho que tem a forma do coração.
Cada uva assemelha-se a uma célula sanguínea e toda a investigação hoje em dia mostra que as uvas são também um alimento profundamente vitalizador para o coração e sangue.
Noz/cérebro
Uma noz parece um pequeno cérebro, com hemisférios esquerdo e direito, cerebelos superiores e inferiores. Até as rugas e folhos de uma noz são semelhantes ao neocórtex. Agora sabemos que as nozes ajudam a desenvolver mais de 3 dúzias de neurotransmissores para o funcionamento do cérebro.
Feijões/rins
Os feijões realmente curam e ajudam a manter a função renal, são exatamente idênticos aos rins humanos.
Aipo/ossos
O aipo, bok choy, ruibarbo e outros são idênticos a ossos.* Estes alimentos atingem especificamente a força dos ossos. Os ossos são compostos por 23% de sódio e estes alimentos têm 23% de sódio. Se não tiver sódio suficiente na sua dieta o organismo retira sódio dos ossos, deixando-os fracos. Estes alimentos reabastecem as necessidades do esqueleto.*
Berinjelas, abacates e pêras/ventre feminino
Berinjelas, abacates e pêras ajudam à saúde e funcionamento do ventre e do cervix feminino – eles são parecidos com estes órgãos. Atualmente a investigação mostra que quando uma mulher come um abacate por semana, equilibra os hormônios, não acumula gordura indesejada na gravidez e previne cancer cervicais. E que profundo é isto?... Demora exatamente 9 meses para cultivar um abacate da flor a fruta.
Figos/fertilidade masculina
Figos estão cheios de sementes estão pendurados aos pares quando crescem. Os figos aumentam a mobilidade e aumentam os números do esperma masculino, assim como ajudam a ultrapassar a esterilidade masculina.
Batata doce/pâncreas
As batatas doces são idênticas ao pâncreas e de fato equilibram o índice glicêmico de diabéticos.
Azeitona/ovário
Azeitonas ajudam a saúde e funcionamento dos ovários.
Tangerinas/glândulas mamárias
Tangerinas, laranjas e outros citrinos assemelham-se às glândulas mamárias femininas e realmente ajudam à saúde das mamas e à circulação linfática, dentro e fora das mamas.
Cebolas/células
As cebolas parecem células do corpo. A investigação atual mostra que a cebola ajuda a limpar materiais excedentes de todas as células corporais. Até produzem lágrimas que lavam as camadas epiteliais dos olhos...
Existem mais de 14 000 componentes químicos fotolíticos em cada um destes alimentos. A ciência moderna apenas estudou e nomeou cerca de 141.
CLASSIFICAÇÃO CIENTÍFICA A PARTIR DO SÉCULO 18.
No século XVIII, o naturalista sueco Carolus Linnaeus criou um sistema de classificação de vegetais binominal, que vigora até hoje e classifica a planta de uma ordem geral para a particular.
Divisão: Classe: Ordem:
1o Fanerógamos: Angiospermos (com frutos) Monocotiledôneas,Dicotiledôneas
Gimnospermos: (sem frutos)
2o Criptógamos: Pteridófitos - Filicíneas, Equissetínes, Licopodíneas
Briófitos - Musgos e Hepáticas
Talófitos - Fungos, algas, líquens, bactérias
Família: > Gênero: > Espécie
Exemplo, apartir de família: Ocimun gratissima L., Labiatae
Família: Labiatea > Gênero: Ocimun > Espécie: Ocimun gratissima > Classificador: L. (Linneu)
Obs: As unidades sistemáticas podem, ainda, ser subdivididas em sub-classe, super-ordem, variedades etc.
SISTEMA JEJE-NÀGÓ DE CLASSIFICÃO DOS VEGETAIS.
Osanyìn, o orixá patrono da vegetação e divindade das folhas litúrgicas e medicinais. É cultuado nos terreiros de Candomblé, principalmente, durante o processo iniciático quando banhos, atin (pós) e “descarrego” são feitos com o auxílio das folhas. Sua importância é tão abrangente dentro da religião que nenhuma cerimônia pode ser praticada sem a sua participação, pois sendo o detentor do àñë contido nos vegetais, todos os òrìñà dependem dele, por isso diz-se que sem folhas não tem òrìñá - Kosí ewé kosí Òrìxá
O sistema de classificação dos jêje-nagôs, que diz respeito aos vegetais, se estrutura sobre quatro elementos que esotericamente é visto como universal, Fogo, Água, Terra e Ar.
Sendo os òrìsàs, representações vivas destas forças que regem a natureza, as folhas a eles atribuídos, no contexto litúrgico, associam-se, conseqüentemente, a estes elementos. Deste modo, os vegetais estão dispostos em quatro compartimentos-base diretamente relacionados aos quatro elementos da natureza,
No compartimento Fogo estão inseridas as Ewé inan(Folhas do Fogo)
No compartimento Água estão as Ewé Omí (Folhas da água)
No compartimento Terra estão as Ewé Ile (Folhas da terra)
No compartimento Ar estão as Ewé Afefé(Folhas do Ar)
Nestes quatro compartimentos-base, insere-se todo o sistema liturgico jêje-nagô.
Sendo assim, cada òrìsà possui uma característica própria que é transmitida ao seu iniciado, o que possibilita identificar, através do arquétipo humano, seus pais míticos, ou seja, qual o òrìñà que rege a pessoa.
Deste modo temos:
Orixás relacionados ao Fogo: Exu Xangô e Oiá
Orixás relacionados a Água: Yemanjá, Oxún, Oba, Oiá, Ewá, Oxumaré, Nàná, Oxosi, Òxàlá
Orixás relacionados a Terra: Osanyin, Ògún, Oxosi, Omolu
Orixás relacionados ao Ar: Òxàlá, Oxumaré e Oiá.
A divisão do óríxá em caminhos (qualidade) faz com que estes pertençam a mais de um compartimento.
Ex.: Exù que se relacionam com todos os orixás;
Ògún e Oxosi que vivem na água;
Oiá que possui caminhos de fogo, água, mato;
Oxumaré que transita entre o céu, a terra e as águas etc.
Os vegetais se dividem, também, dentro de um sistema binário, em
Masculinos e Femininos que são determinadas pela forma de suas folhas:
Folhas alongadas ou que possuem forma fálica são masculinas.
Folhas arredondadas ou que possuem forma uterina são femininas.
(As folhas consideradas masculinas estão associadas aos orixás masculino, bem como as femininas, aos orixás femininos, todavia, aventualmente encontraremos algumas folhas femininas usadas para orixás masculino e algumas masculinas utilizadas para as ìyába, o que reflete a própria relação familiar dos orixás masculinos com femininos e vice versa.
Como exemplo vemos que, sendo Ògún filho de Yemanjá, as folhas femininas usadas para esta ìyába é freqüentemente usada para este orixás e vice versa.
Dentro, ainda de uma visão binária, os jêje-nagô consideram, ainda que as folhas podem estar posicionadas no lado direito - Ewé apa otun -, que é masculino e positivo em oposição ao esquerdo - Ewé apa osí - que é feminino e negativo.
Os compartimentos que contem as ewé inan (folhas do Fogo) e ewé Afeefe (folhas do Ar) estão associados ao masculino, elementos ativo e fecundantes.
As ewé omí (folhas da Água) e as ewé Ilé (folhas da Terra) se ligam ao feminino, elementos passivos e fecundáveis.
Todavia, essa não é uma condição “sine qua non” quando analisamos mais detalhadamente a utilização dos vegetais, pois, percebemos que algumas folhas positivas se relacionam com o lado esquerdo ou feminino e vice-versa, daí, encontrarmos folhas femininas usadas com fins positivos e folhas masculinas consideradas negativas.
Verger (1995:25) cita, pôr exemplo, “que entre as folha há quatro conhecidas como (...) as quatro folhas masculinas (pôr seu trabalho maléfico)...; e quatro outras tidas como antídotos...”. Entre estas últimas êle inclui o òdúndún (Kalanchoe crenata), que é uma folha feminina, porém, positiva, o que nos faz crer que as diversas condições binárias não interagem de modo rígido entre si, mas sim transitam dinamicamente de um lado para o outro, pois, como vimos, uma folha masculina pode estar situada junto aos elementos da esquerda pôr ser considerada negativa e vice-versa.
De grande importante, também, na classificação dos vegetais são as condições binárias gún (de exitação) x éró (de calma), pois, são aspectos das folhas, que dão equilíbrio às misturas vegetais, quando bem dosadas de acordo com a situação de cada indivíduo.
Os vegetais considerados gún estão ligados aos compartimentos Fogo ou Terra, enquanto que, os considerados éró, relacionam-se com os da Água ou Ar. Estas condições são interpretadas corriqueiramente pelas pessoas do candomblé como fria (eró) ou quente (gún).
Quando utilizadas nos rituais de iniciação ou nos trabalhos litúrgicos, os vegetais classificados como éró em a função de abrandar o transe, apaziguar ou acalmar o òrìñà, contrariamente, os considerados gún servem para facilitar a possessão e excitar o òrìñà.
Os vegetais gún e éró são identificados, normalmente, segundo seu nome ou sua finalidade:
Ex: Tîtî (folhas fresca) eró
Rinrin (folha úmida) eró
Pèrègún (Provoca o transe) – gún
Tîtîrîgún (Que produz transe) – gún
Iroko (Produz calma) eró
Ewé ina (Folha de fogo) gún
È importante notar que o ofó (encantamento) é que determina a função da folha, pois, embora exista todo um sistema classificatório para os vegetais, cada folha traz em si a função a qual ela se destina.
Como exemplo: Peregún que no seu ofó é considerado o senhor da maldição, tem a finalidade de retirar maldições das pessoas.
Ewuro, a folha amarga, tem por função retirar o amargo da vida.
Teté, Rinrin e Odundun são folhas calmantes mas, também, com função de atrair prosperidade para seus usuários.
“Ewé njé Oògún njé Oògún tikò jé Ewé re í kò pé”
“As folhas funcionam. Os remédios funcionam. Remédio que não funciona é porque faltam folhas”.
INTRODUÇÃO
O homem, desde o primitivo, sempre foi dependente do mundo vegetal. As plantas são vitais para ele, sem elas a espécie humana não existiria. O homem precisa principalmente, do oxigênio produzido pela plantas para sobreviver.
Observando a natureza o homem descobriu as diversas utilidades dos vegetais. Passou a utilizá-los como alimento, remédio, proteção contra as intempéries (cobertura de casa – sapê – confecção de tecidos etc.) Como alimentos as plantas são fontes de vitaminas, proteínas e sais minerais indispensáveis para a manutenção da vida. Como remédio possuem principio ativo na cura de doenças.
Os Jeje-Nàgó, oriundos do sudeste africano, até hoje, utilizam os vegetais não apenas como alimento e remédio para o corpo, mas, também, para o espírito, daí, sua utilização nos rituais, para prover o bem estar pessoal ou coletivo, cortar magia negativa, afastar o sobrenatural maléfico, atrair sorte e prosperidade, pedir proteção das divindades, provocar transe ou entrar em contato com o mundo sobrenatural.
Com a diáspora Africana, ou melhor, com a vinda de negros africanos, aprisionados como escravos, para a América, estes trouxeram seus rituais e sua visão do mundo vegetal para o “Novo Mundo”.
Foram diversos os grupos etnicos que aqui aportaram em levas sucessivas.
-Primeiro o Grupo Banto nos séculos XVI (Negros da Guiné) e XVII (Negros de Angola).
-Depois chegaram os Jeje-Nàgó nos séculos XVIII e XIX (Negros da Costa-do-Marfim e do Dahome), inclusive durante o período de proibição do tráfico entre 1816 e 1850.
A chegada dos Jeje-Nàgó no continente americano ocorreu principalmente entre os anos de 1770 a 1850 em decorrência das guerras de conquista e as quedas dos reinos de Öyö e Kétu (a partir de 1789) com o ataque do rei de Abomey, capital do Dahome, a este dois reinos. Este rei, aliado dos colonizadores europeus, forneceu grandes contigentes de escravos que foram trazidos para a América.
Os Jeje-Nàgó ao chegarem no novo continente, se depararam com uma flora tropical muito parecida com a de seu país de origem, porém, as espécies vegetais em sua maioria lhes eram desconhecidas.
Surgiu a necessidade de utilizar em seus rituais plantas brasileiras com características semelhantes às africanas, então algumas espécies foram substituidas, tais como:
Iroko = Chlorophora excelsa por Ficus doliaria (Gameleira branca)
Amúnimúyè = Senecio abssinico por Centratherum punctatum (balainho de velho)
Osun = Pterocarpus osun por Bixa Orellana (urucum)
Também, espécies asiáticas e africanas foram trazidas por europeus, para fins comérciais, desde o sec. XVI, e, por escravos libertos ou alforriados, que retornaram a África e voltavam fazendo comércio.
Da Ásia vieram espécies como:
- Jaqueira (Artocarpus integrifolia L.) Comércio
- Mangueira (Mangifera indica L.) Comércio.
- Tamarineira (Tamarindus indica L.) Comércio.
- Figueira dos pagodes (Ficus reigiosus L.) Urbanização.
- Bambu (Bambusa vulgaris Schrad.) Urbanização.
- Manjericão (Ocimum sp.) – Condimento/remédio e litúrgia.
- Melão de São Caetano (Mormodica charantia L.) Remédio e liturgia.
- Algodão (Gossypium barbadenses L.) Comércio e liturgia.
- Erva doce (Pimpinela anisun L.) Comércio.
- Tangerina (Citrus nobilis Lour.) Comércio.
- Gengibre (Zingiber officinale Roscoe) Comércio
Os africanos trouxeram:
- Dendezeiro (Elaeis guineensis L.) – Comércio.
- Mamona (Ricinus communis L.) – Comércio.
- Melancia (Citrullus vulgaris schrad.) Comércio
- Inhame ( Dioscorea sp.) – Comércio
- Quiabo (Hibiscus esculentus L.) – Comércio.
- Obí (Cola acuminata Schrad & Endl.) Liturgia.
- Orógbó (Garcinia cola Heckel) Liturgia
- Àrìdan (Tetrepleura tetraptera Taub.) Liturgia.
- Palha da costa, rafia natural (Raphia vinifera P. Beauv.) Liturgia
- Rinrin (Peperomia pellucida (L.) Kunth.) Liturgia.
Espécies americanas foram levadas para a África por comerciantes e negros alforriados, dentre elas temos:
- Batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Poir. & Lam.) – Comércio.
- Caju (Anacardium occidentalis L.) - Comércio.
- Fumo (Nicotiana tabacum L.) – Comércio.
- Goiaba (Psidium guajava L.) - Comércio.
- Milho (Zea maiz L.) - Comércio.
- Tomate (Lycopersicum esculentum Mill.) – Comércio.
- Erva-guiné (Petiveria alliaceae L.) – Medicinal e ritual.
- Erva-tostão (Boerhavia difusa L.) – Medicinal e ritual.
- Erva-de-São-João (Ageratum conyzoides L.) – Ritual.
- Vassourinha-doce ( Scoparia dulcis L.) - Ritual
- Língua de vaca (Talinun triangulare (Jacq.) Willd.) – Ritual.
Origem européia foram introduzidas por afro-descendentes nos rituais os mais comuns são:
- Arruda (Ruta graviolens L.) que no século 1, Plínio indicava como preservativo da resseca, antídoto contra picada de escorpião, aranhas e insetos. Os gregos e romanos usavam para evitar maus negócios e como proteção contra o sobrenatural. Os ingleses diziam que a arruda simbolizava o arrependimento e sua flor era a “flor do desgosto”. Trazida de Portugal para o Brasil, sempre foi usada contra negativismo e olho grande. Seus galhos eram vendidos pelos escravos como sortilégio.
- Alecrim (Rosmarinus officinalis L.). Plínio dizia que possuía o odor do incenso. Na idade média (1481) era o símbolo da recordação e da fidelidade no casamento. Na linguagem das flores significa saudade. Nos rituais de umbanda é uma das ervas da jurema utilizada em defumação e banhos.
- Jureminha/Agnocasto (Vitex agnus castus L.) Dioscorides (Sec. I) Indicava misturada ao vinho para provocar a menstruação e a lactose na mulher. No homem, “desseca o esperma” obscurece o cérebro e dá vontade de dormir. Na idade média era usada nos mosteiros a título de peitoral, porém, funcionava mesmo era como anafrodisíaco. Na umbanda é chamada de jurema ou jureminha e utilizada nos amacis de caboclos. No candomblé é utilizada por ocasião da iniciação como anafrodisíaco para homens.
AKO RERE
Uso nos terreiros:
Folhas utilizadas no àgbo e em banhos de defesas e descarrego, principalmente para pessoas de Oya e Obaluaiyé.
Nos terreiros, esta folha é conhecida, também, pelo nome àgbólà. Barros (1993:109) traduz este nome “dá longa vida”.
No culto Egúngún, na Bahia, é muito utilizada, por tratar-se de folha de defesa, contra as entidades maléficas.
Tem finalidade tanto benéfica (longa vida, proteção, boas amizades) quanto maléfica pois, é utilizada também, em trabalho para separar e causar briga entre pessoas. Ako rere (rêrê) significa “homem bom ou honesto” todavia quando é pronunciado o ofó com finalidade de separar pessoas faz-se um trocadilho e pronuncia-se “ako rèrè” (réré) onde rèrè significa “cansar ou enjoar”
Pertencente ao elemento Terra é tem propriedades gún.
Uso em Ifá:
Com o nome de òpá ikú (cajado da morte) também é utilizada em trabalho para desfazer amizades.
Com o nome àsìmáwù , é usada “Em trabalho para ser amado”: Ofo do odu Ìrètè ogbè (Verger 1967:26-27)
Yio máa wù mi ni
Asìmáwù
Yio máa wù mi ni
Nos seremos com certeza agradecidos
Asìmáwù
Nos seremos com certeza agradecidos
Nomes yorubás: ako rere, òpá ikú e àsìmáwù (Verger 1995:718).
Nomes populares: Fedegoso, mata pasto, fedegoso-branco, mata-pasto-liso
Nome latino: Senna obtusifolia (L.) Irwin & Barneby., Fabaceae (Leguminosae)
AJÍROMI
Uso nos terreiros:
Usada nos rituais de iniciação, sacralização dos assentamentos dos orixás, àgbo, banhos e diversos trabalhos. Utilizada com a finalidade de se adquirir boa saúde, prosperidade e acalmar a cabeça intranqüila.
Folha utilizada para todos os orixás que possui características eró e está ligada ao compartimento água.
“Apreciada pelo igbin (caracol) como alimento, daí ser chamada pelo "povo-de-santo” de eró igbin, sendo que este nome significa "a calma ou o segredo do caracol” . (Barros & Napoleão 1999:137)
Uso em Ifá:
Do odu ìwòrì òfún em “receita para tratar inchações” (Verger 1995:121)
Do odu Oyekú ogbè em “proteção contra ciclones” (Verger 1995:455)
Outros nomes yorùbá: ajíromi, òwò, ewé òwò, eró yewa e omi tútù. (Verger 1995:640).
Nome popular: Erva-de-bicho (Ba, RJ)
Nome científico: Brillantaisia lamium (Ness) Benth., Acanthaceae
Planta originária da África.
AJÍFÀBÍ ÀLÁ
Uso nos terreiros:
Utilizada no agbo e em banhos para melhorar a sorte e as finanças, para lavar o jogo e os objetos rituais dos orixás, porém, são poucos os terreiros que conhecem as utilidades deste vegetal.
Uso em Ifá:
Do odú Ogbè ìrètè em “trabalho para conseguir muita riqueza” (Verger 1995:356-357)
Ajífà bi àlá yóò fa rere temi wá fún mi
Ajífàbíàlá diz que vai arrastar a minha fortuna para mim.
Nome popular: Campainha
Nome latino: Ipomoea cairica (L.) Sweet. Convolvulaceae.
AJÊ
Uso nos terreiros:
Atribuída a Ajê Saluga, o orixá da riqueza.
É utilizada em todos os rituais de iniciação, no àgbo, para lavar o assentamento do orixá e em banhos para atrair sorte e riqueza.
Tem a função de atrair sorte, prosperidade e abundância.
Uso em Ifá:
Do odu Ìwòrì ose em “trabalho para conseguir muito dinheiro” (Verger 1995:339)
Do odu ìrete ose em “trabalho para conseguir muito dinheiro” (Verger 1995:339)
Do odu Èjìogbè em “trabalho para se receber elogios quando se está ausente” (Verger 1995:377)
Do odu Òdí ìká em “trabalho para o camponês conseguir dançar perante o rei” (Verger 1995:391)
Do odu Òfún oyeku em “trabalho para fazer inchar a perna de alguém” (Verger 1995:403)
Outros nomes yorùbá: ajé, asefun, sefun sefun e rajérajé (Verger 1995:627)
Nomes populares: Folha-da-riqueza,
Nome latino: Aerva lanata (L.) Juss., Amaranthaceae
ÀJÀGBON
Uso nos terreiros:
Suas folhas muito raramente são utilizadas.
Em alguns terreiros é uma árvore dedicada a Òxàlá, onde normalmente é ornada com faixa de tecido branco e sob a qual colocam-se oferendas de comidas.
As folhas consideradas calmantes e de proteção contra negatividades, são usadas sob o travesseiro nos casos de insônia.
Vegetal incluso no compartimento Ar, com características masculina e eró
Também conhecida nos terreiros pelos nomes de igi iwin e àjàgbaó.
Uso em Ifá:
Em cuba, recebe o nome lucumi iggi iyágbon. (Cabrera 1992:547)
Entre os yorubá é conhecida como àjàgbon (Verger 1995:727)
Nome popular: Tamarineiro
Nome latino: Tamarindus indica L., Leguminosae-Caesalpinioideae
ÀGÓGO IGÚN
Uso nos terreiros:
Planta utilizada para Xangô, Oxosi e Obaluaiyé, conhecida nos terreiros pelo nome de ewé ogbe àkùko que significa “folha crista de galo”. Tem a função de proteger e defender contra feitiços, mas, também, atrai prosperidade.
As folhas entram no àgbo e em banhos de purificação dos iniciados e banhos para afastar negativismos.
Na “santeria”, em Cuba, este vegetal tem o nome lucumi aguéyí sendo usado para Obàtálá e a Oxun.
Ligado ao elemento Fogo, suas folhas possuem caracteristicas gún.
Uso em Ifá:
Do odu Osá òfún em “trabalho para tomar alguma coisa de alguém” (Verger 1995:411)
Do odu Owonrín ìretè em “trabalho para fazer alguém cair num poço” (Verger 1995:427)
Ofó do Odú Ìwòrìbogbè (ìwòrì ogbè) – Para mandar o mal de volta. (Verger 1967:16 -17)
Bi’kú bá ri mi
K’ikú o má lè pa mi
Bi agógó igún bá so
A si se ’nu kóròlò s’odì
Se a morte olhar para mim
Que não seja capaz de me matar
Quando o bico do abutre colhe o fruto
Sua boca volta-se para o outro lado
O nome agógó igún significa bico de abutre.
Conforme os mitos foi usado por Orunmilá, juntamente com outras folhas para acalmar a cólera das ìyámi.
Outros nomes yorùbá: àgógo igún, ògún, ogbe àkùkö, àkùkö dúdú, àkùkö funfun (Verger 1995:677).
Nomes populares: Crista-de-galo, heliotrópio, borragem, erva-de-são-fiacre.
Nome latino: Heliotropium indicum L., Borraginaceae
ÀGBON
Uso nos terreiros:
Utilizado com freqüência na cozinha litúrgica no preparo de iguarias para os orixás.
Tanto na santeria quanto no culto de Ifá, em cuba, o coco funciona como um oráculo substituindo o obì (Cola acuminata (P.Beauv.) Sch. & Endl.).
Seu fruto redondo está assoociado a Orí (a cabeça), pois a água que ele contém serve para lavar a cabeça no sentido de refresca-la quando a pessoa esta com ela muito quente, e o coco do qual se retirou a água, enche-se com ekó (mingau de milho branco) e coloca-se sobre o assentamento de Oxalá ou Yemanjá pedindo tranquilidade para o seu Orí.
É uma palmeira muito utilizada para Osányìn e Oxosi, todavia seus frutos são oferecidos Oxosi, Xangô, Oxalá e a Orúnmìlà.
Árvore do compartimento Ar, com características masculinas e eró.
Uso em Ifá:
Do odu Òdí méjì em “receita para tratar hemorróidas externas” (Verger 1995:159).
Do odu Ogbè òtúrá em “trabalho para escapar de processos na justiça” (Verger 1995:341)
Em trabalho contra pessoa que não mantém uma promessa, ofó do odu Ìkádí (Ìká Òdí) (Verger 1967:14-15)
Àgbon l’o ni ki ng gbón.
Ologbòn pupo sa l’àgbon ise
Coco diz que sou inteligente
Inteligência e criatividade pertence ao coco
Na África, em algumas regiões de Ifé, o coco é utilizado em rituais para Olokun.
Nomes populares: Coqueiro, coqueiro-da-bahia, coco, coco-da-bahia
Nome latino: Cocos nucifera L., Palmae
AGBÀWO
Uso nos terreiros:
As folhas são usadas em Àgbo, banhos de purificação e prosperidade.
Sob a árvore coloca-se oferendas para Osányìn.
As folhas tem propriedade gún e são utilizadas para Xàngó e sua mãe, Ìyámase.
Na Santeria cubana, a imbaúba e conhecida pelos nomes Lucumi igi ogugú e láro e pertence a Obàtálà.
Uso em Ifá:
A única referência encontrada diz respeito à espécie Musanga cecropioides R.Br., que também, pertence a família das Moraceae,
Outro nome yorubá: Agà. (Verger 1995:699)
Nome popular: Imbaúba, árvore-da-preguiça, umbaúba e embaúba.
Nome latino: Cecropia palmata Willd., Moraceae
ÀGBÀDÓ
Uso nos terreiros:
Àgbàdó funfun = Milho Branco para Òxàlá e todos os outros orixás.
Àgbàdó pupa = Milho amarelo para Èxù, Ògún, Oxoosi, Lògún Ede e Öbà.
Àgbàdó kékeré = Milho alho, para Obaluaiyé, Nàná e Oxún.
Espigas de milho para Oxoosi e Xàngó.
As folhas são usadas em omi-eró de prosperidade e para lavar Èxù.
A água do milho branco cozido é utilizada em banho calmante.
Os grãos são utilizados nos terreiros, no preparo de varias iguarias que são ofertadas aos òrìxà, tais como: Ègbo, ègboyá, axoxo, àdun, guguru, akasá branco, akasá de leite, egidi (akasá de milho amarelo), ekó etc.
Vegetal gún, utilizado para atrair prosperidade e boa sorte.
Uso em Ifá:
“As folhas (ewe àgbàdo) são usadas em um trabalho para trazer boa sorte (àwúre oríre) que se classifica no odú ìwòrì òfún, também chamado ìwòrì àgbàdo” e em “trabalho para se obter favores das feiticeiras” (Verger 1995:41/42). Do odu Èjìogbè em “receita para tratar vômito e diarréia” (Verger 1995:185).
“A espiga de milho inteira, odidi àgbàdo, é usada em uma receita para ajudar a mulher a ter um bom parto (awebí) classificada no odu que trata do nascimento de crianças, (...) ogbè òtúrúpon ou ogbè tún omo pon” (Verger 1995:43)
“O sabugo do milho (pòpórò àgbàdo) é usado em trabalho para sair vitorioso de uma luta (ìsegun ìjàkadi), classificado no odù ose méjì ou ose oníjà, “ose-que-gosta-de-briga” (Verger 1995:43,351)
“A palha (háríhá) que envolve a espiga de milho é usada em uma receita para ajudar a mulher grávida a sentir o corpo leve (...), classificada no odu ogbè òtúrá ou ogbè aláso funfun, “ogbè-dono-da-roupa-branca” (Verger 1995:44,277)
O cabelo-de-milho é utilizado em “trabalho para conseguir proteção contra Exu” do odu Ose òtúrá (Verger 1995:295).
“... os grãos de milho torrados (àgbàdo súnsun) são usados em trabalhos para fazer um processo judicial cair no esquecimento (àwúre aforàn ou ìdáàbòbò l’owo ejo) pertencendo ao odu ogbè òtùrá ou ogbè kòléjó, “ogbè-não-tem-processo-na-justiça”.” (Verger 1995:44-45, 341), e em “receita para tratar inchaço da barriga” do odu Ose ìká (Verger 1995:193).
Do odu Ose òtúrá consta um curioso “trabalho para juntar novamente partes cortadas de um corpo” (Verger 1995:385)
Ofo ti nmu ní se oríre (Para ter boa sorte) do odu Ìwòrì wòfún (ìwòrì òfún),
Kini àgbàdo á mú bó? Igba omo.
Kini àgbàdo á mú bó? Igba asó.
Orí’re ni ti àgbàdo.
Àgbàdo rin hòhò l’óko.
O kó ‘re bó wá ‘lé.
Orí’re ni ti àgbàdo
O que o milho está trazendo de volta? Duzentas crianças.
O que o milho está trazendo de volta? Duzentas roupas.
O milho traz boa sorte.
O milho vai para o campo.
E retorna para casa com boa sorte.
O milho traz boa sorte
Outros nomes yorubá: Ìgbàdo, okà, yangan, erinigbado, erinkà, eginrin àgbado, elépèè, ìjèéré (Verger 1995:737).
Nome popular: Milho, milho branco, milho vermelho, milho alho
Nome latino: Zea mays L., Gramineae
AGBAÀ
Uso nos terreiros:
As sementes conhecidas pelo nome olibé, por serem redondas e grandes dão a ideia de fartura, por isto são utilizadas nos assentamentos de Xango para que este orixá proporcione prosperidade aos seus filhos.
Uso em Ifá:
Pouco citada, todavia, é uma planta utilizada em trabalhos de Ifá.
Nome popular: Fava-de-Xangô
Nomes latino: Entada gigas (L.) Fawc. & Rendle., Leguminosae-Mimosoideae
ÀFÒMAN
Uso nos terreiros:
Àfòman é o nome nagô dado a diversas plantas das famílias das lorantáceas, polipodiáceas ou convolvulaceas que se utilizam do substrato de outros vegetais. São chamadas de parasitas ou hemiparasitas.
“A palavra àfòman significa “doença contagiosa”, ou “planta parasita ou epífita” (visco, orquídea etc), (...) as folhas mais usadas em trabalhos dedicados a Xapanán, o deus da varíola e das doenças contagiosas, são as plantas parasitas ou epífitas.” (Verger 1995:56)
Somente a espécie conhecida como erva-de-passarinho (Phthirusa abdita S.Moore) é usada no àgbo, as outras são utilizadas nos rituais de iniciação sob as esteiras onde dormem os iniciados.
Dentre os Àfòman temos:
- Erva-silvina, que tem o nome nagô de ewé afoman odan;
- Cipó-chumbo com o nome nagô de àwó pupa, também conhecida no jéje, como “cabelo de aziza” e utilisada para Osanyìn. No keto recebe, também, o nome de labo-labo que significa “vai e volta”, usada nos rituais de Ogun e Omolu.
- E, as espécies estreliça e barba-de-pau.
Para uso ritualístico são utilizadas apenas as que são colhidas em árvores que não possuem espinhos. Possuem característica gún e sua utilização em rituais de Obaluaye se faz no sentido de proteção conta doenças.
Uso em Ifá:
Das espécies citadas não encontramos nenhuma menção na literatura sobre Ifá.
Nome popular: Erva-de-passarinho
Nome latino: Phthirusa abdita S.Moore., Loranthaceae
ÀFÈRÈ
Uso nos terreiros:
Entra no àgbo, em banhos de proteção, para limpeza dos objetos sagrados, para obtenção de boa sorte. Por ser um vegetal considerado muito positivo, acredita-se que o uso deste atrai boas amizades. È usada indistintamente para todos os orixás.
Uso em Ifá:
Classificada por como planta de Ifá, porém não consta nenhum trabalho.
Outros nomes yorubá: àfèè, afóforo, afóforo àfè, afèrè, amókóle, àyínyín, àférí e àfèèrí. (Verger 1995:730)
Nomes populares: Crideúva, piriquiteira, cambriúva, mutamba, chico-magro.
Nome latino: Trema orientalis (L) Blume. Ulmaceae.
ÀBO
Uso nos terreiros:
Desconhecido, todavia sua utilização em Ifá aponta para um vegetal bom para atrair prosperidade e proteção.
Uso em Ifá:
Do odú Ogbè ògúndá “Trabalho para acalmar alguém possuído por Xangô” (Verger 1995:292-293)
Do odú Òfún ìwòrì “Trabalho para ter boa caça” (Verger 1995:334-335)
Do odú Òfún méjì “Trabalho para dominar alguém” (Verger 1995:344-345)
Do odú èjiogbè “Trabalho para conseguir muita riqueza” (Verger 1995:356-357) e “Trabalho para fazer a chuva parar” (Verger 1995:396-397)
Do odú Okànràn méjì “Trabalho para prender um louco” (Verger 1995:382-383)
Do odú Okànràn ìretè “Trabalho para pegar um ladrão” (Verger 1995:398-399)
Do odú Okànràn òtúrá “Trabalho para conseguir descansar” (Verger 1995:398-399)
Do odú ìwòrì òyèkú “Proteção contra agressão” (Verger 1995:432-433)
Do odú Ìrù ëkùn “Proteção para prender um louco” (Verger 1995:440-441)
Do odú Òsé ogbè (Proteção contra picada de cobra” (Verger 1995:446-447)
Do odú Okànràn ìwòrì “ Proteção contra animais selvagens” (Verger 1995:448-449)
Do odú Ògúndá ogbè “Proteção contra ladrões” (Verger 1995:460-461)
Outros nomes yorùbá: Arère e àfôn
Nome popular: Araticum-da-areia
Nome latino: Annona senegalensis Pers., Annonaceae
ABIRUNPO
Uso nos terreiros:
Planta eró e de prosperidade associada a Oya e Ibeijí.
Suas folhas são utilizadas no àgbo, em banhos de purificação e na consagração dos objetos rituais do orixá.
Tem como função realçar simpatia na vida das pessoas.
Nas casas-de-santo, com o nome nagô kankìnsen, usam-se, indistintamente, as espécies passiflora edulis Sims., passiflora alata Dryand., e Passiflora foetida L.
Uso em Ifá:
Embora citada como planta de Ifá, não consta informação sobre seu uso.
Nome popular: Maracujá, flor-da-paixão, maracujá fedorento.
Nome latino: Passiflora edulis Sims.,., Passifloraceae
ABÍKOLO
Uso nos terreiros:
Sob o nome de tenúbe, alguns terreiros utilizam esta planta no àgbo e em banhos para os iniciados de Ògún, Omolu e Nana, bem como para lavar os objetos rituais do orixá.
Outros terreiros a denominam de aberikuló e utilizam-na especificamente em banho de proteção e trabalhos para livrar a pessoa da morte, Como a maioria das plantas utilizadas em trabalhos para evitar a morte, suas folhas, quando maceradas produzem uma tinta escura que mancha as mãos.
Uso em Ifá:
Do odu Òfún òyéku em “receita para tratar torcicolo” (Verger 1995:227)
Do odu Òyéku òtúrúpòn em “receita para tratar picada de cobra” (Verger 1995:245)
Do odu Òkànràn ìwòrì em “trabalho para expulsar alguém da cidade” (Verger 1995:413)
Do odu Òfún méjì em “trabalho para enlouquecer alguém” (Verger 1995:417)
Do odu Ìwòrì òyékú em “proteção contra agressões” (Verger 1995:433)
Do odu Ìretè ìrosùn em “proteção para quem pisou num trabalho agressivo” (Verger 1995:439)
Do odu Òsé ogbè em “proteção contra picada de cobra” (Verger 1995:447)
Outros nomes yorubá: arójòkú e àáràgbá (Verger 1995:668)
Nomes populares: Botão-de-santo-antonio, erva-botão, cravo-bravo.
Nome latino: Eclipta alba (L.) Hassk., Asteraceae (Compositae)
ABERE OLOKO
Uso nos terreiros:
Usada para assentar Exu, no preparo de pós (Atin) com finalidade maléfica.
Folha gún (excitante).
Seu nome nagô significa “agulha do campo” devido o formato de suas sementes. Usada medicinalmente para combater hepatite e icterícia.
Uso em Ifá:
Do odu Òdí méjì: em trabalho de “proteção contra a ganância.”(Verger 1995:459).
Do odu Ogbè òfún em trabalho “para fazer alguém ter pesadelo.” (Verger 1995:415)
Outros nomes yorubá: Elésin máso, akésin máso, oyà, malánganran, agamáyàn, agaran moyàn, àgbede dudu oko, ajísomobíàlá (Verger l995:638) .
Nome popular: Picão, picão-preto, picão-da-praia, pico-pico, piolho-de-padre.
Nome latino: Bidens pilosa L., Compositae.
ABEBE OXUM
Uso nos terreiros:
Possui dois tipos, aquelas que medram em lugar seco, atribuída a Xango normalmente o talo da folhas são avermelhados. As que nascem dentro da água, atribuída a Oxum, cuja folha e talo são verdes.
Folha de fundamento na iniciação de pessoas de Xangô, pois não pode faltar no àgbo e nos fundamentos da iniciação.
Uso em Ifá; Sem citação
Nome popular: Erva-capitão
Nome latino: Hydrocotyle bonariensis Lam., Umbeliferae.
Origem: América tropical ocorrendo na África do Sul.
ÀBÁMODÁ
Uso nos terreiros:
Àgbo, banhos e trabalhos para adquirir prosperidade, sacralização dos objetos
rituais dos orixás, lavagem dos búzios utilizados nos jogos divinatórios e para assentar Èxù de mercado.
Folha eró (calmante) usada para todos os orixás pois, serve para que um desejo seja realizado, atrai prosperidade e dinheiro.
Com o nome de erú odúndún “escravo de odúndún” torna-se substituta eventual da folha odúndún Saião (Kalanchoe brasiliensis Camb.)
Segundo Verger (1967:10), àbámodá significa “Eu faço uma proposta”. Todavia, Dalziel (1948:28) traduz como “o que você deseja, você faz”, e Barros (1993/108) como “milagre eu faço”.
Uso em Ifá:
Do odu Èjìogbè em “receita para tratar doença que causa bolhas e tremores no corpo” (Verger 1995:149) e “trabalho para ter a pele sempre boa” (Verger 1995:365).
Do odú Òsé òwónrín em “receita de calmante” (Verger 1995:251)
Ofó do odu Èjìogbè (Verger 1967:10-11) em trabalhos para se obter dinheiro e prosperidade.
Àbámodá àbá mi kò se àìse
Àbá ti alágemo bá dá,
L’òrìsà Okè ngbà
Mo dá àbá owo
Àbámodá minha aspiração é de ser perfeito
Òrìsà Okè aceite as aspirações do camaleão
Eu desejo dinheiro
Outros nomes yorubá: kantíkantí, kóropon e erú òdúndún. (Verger 1995:641) Nome popular: Folha-da-fortuna, fortuna, milagre-de-são-joaquim,
Nome latino: Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken., Crassulaceae
Origem: Ásia tropical.
ABÀFÉ ILÉ
Uso nos terreiros:
Desconhecida. Seu nome significa “Pequeno chapéu da terra”. Como chapéu é um objeto que tem por finalidade proteger a cabeça, tal termo aplicado a folha dá a idéia de proteção, sugerindo que seu uso tem por finalidade proteger contra negativismos.
Uso em Ifá:
Apenas citada (Verger 1995:646)
Outros nomes yorùbá: Rekùrekù abàfé e Olúgboró kànràn (Verger 1995:646)
Nome popular: Fedegoso
Nome latino: Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene, Leguminosae-Caesalpinioideae.
Origem: América tropical
ABÀFÉ
Uso nos terreiros:
No àgbo, banhos, sacudimento e trabalhos diversos.
Folha usada para Yemanjá (de flor branca) e para Oya (de flor rosa)
Seu nome significa “Pequeno chapéu” (Verger 1967:10).
Uso em Ifá:
Do odu Òfún ìwòrì em “trabalho para ter boa caça” (Verger 1995:335)
Do odu Òfún méjì em “trabalho para dominar alguém” (Verger 1995:345)
Do odú Okànràn méjì em “trabalho para prender um louco” (Verger 1995:383).
Do odu Osé ogbè em “proteção contra picada de cobra” (Verger 1995:447)
Do odu Okànràn ìwòrì em “proteção contra animais selvagens” (Verger 1995:449)
Ofó do odu Ìkáwòrì (Ìká Ìwòrì) (Verger 1967:10-11) em trabalho para confundir a mente de um inimigo e torna-lo incapaz de raciocinar.
T’ilekun mó o k’ó má le jade
Ìpanumó abàfé ba mi
T’ilëkun mó otá mi gbonyingbonyin
Fechar a porta permite à folha abàfé não se revelar
Abàfé nos permita fechar a porta firmemente ao meu inimigo.
Verger, (1967:11) classifica esta folha como Bauhinia Thoningii Schum., Caesalpinaceae. Todavia, em Ewé, ( Verger1995:708) ela está classificada como Piliostigma thonningii (Schumach.) Milne-Redh., Leguminosae-caesalpinioideae, o que pode ser uma sinonímia ou uma planta, da mesma família, substituída no Brasil.
Nome popular: a) Pata-de-vaca-de-flor-branca
b) Pata-de-vaca-de-flor-rosa
Nome latino: a) Bauhinia candicans Benth., Leguminosae-caesalpinioidea
b) Bauhinia purpurea L., Leguminosae-caesalpinioidea
Origem: Discutível, pode ser América do Sul, África ou Ásia.
do site
http://febacan.hd1.com.br/folhas_sagradas.htm
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