Escrito por Okanbi / Omo Aggayú - sacerdote da Santeria
Idioma Yorubá
Falado principalmente na Nigéria, o idioma yorubá é complexo e arraigado em tradições. É o segundo maior idioma da Nigéria, é falado em várias seitas difundidas pelo mundo, entre estes estão a República do Benin, Cuba, Brasil, Trinidad, e Estados Unidos.
A origem deste idioma é obscura, e não existe nenhuma evidencia conclusiva provando onde exactamente se originou. A quem diga que o idioma yorubá provém dos Egípcios, à centenas de anos atrás, evidenciados no facto de que um vasto número de palavras yorubás serem bem parecidas com as Egípcias, porém realmente, não existe nenhuma explicação formal de como surgiu o idioma na Nigéria.
Quem são os Yorubás
Os Yorubás são um dos mais importantes grupos étnicos da Nigéria, apreciam uma história e cultura muito rica. Existem várias teorias sobre a origem do povo yorubá, estas informações se agrupam cuidadosamente nas declarações via tradição oral.
Este povo parece ter se originado de Lamurudu, um dos reis de Mecca (na actual Arábia Saudita). Lamurudu teve um filho chamado Oduduwa, que é amplamente conhecido como o fundador das tribos yorubás. Durante o reinado de seu pai, Oduduwa era muito influente a atraiu vários seguidores, transformou as mesquitas, em templos para a adoração de ídolos, com a ajuda de um sacerdote chamado Asara.
Asara teve um filho, Braima, que foi educado como muçulmano, e se ressentiu da adoração obrigada de ídolos.
Por influência de Oduduwa, todos os homens da cidade, eram ordenados em uma expedição de caça, que durava três dias, em preparação para honra e culto de seus deuses. Braima aproveitou a oportunidade da ausência dos homens e tomou a cidade. Ele destruiu tudo, inclusive os ídolos, deixando um machado no pescoço do ídolo mais importante. Na volta da expedição, se deram com a cidade destruída, e foram atrás de Braima para queimá-lo vivo. Neste momento começou uma revolta que desencadeou uma guerra civil.
Lamurudu foi morto e seus filhos expulsos de Mecca. Oduduwa e seus seguidores conseguiram escapar, com dois ídolos, para Ilê Ifé (ainda ilê ifé na Nigéria moderna). Oduduwa e seus filhos juraram se vingar; mas Oduduwa morreu em Ilê Ifé, antes de ser poderoso suficiente para lutar contra os muçulmanos de seu país. Seu primogénito Okanbi, chamado de Idekoseroke, também morreu em Ilê Ifé. Oduduwa deixou sete príncipes e princesas. Destes originaram-se várias tribos yorubás. A primeira era uma princesa que se casou com um sacerdote e se tornou mãe de Olowu, que se tornou rei de Egbá. A segunda princesa se tornou mãe de Alaketu, progenitor do povo de ketu; o terceiro se tornou rei do povo de Benin; o quarto Orangun, se tornou rei de Ila; o quinto Onisabe, se tornou rei de Savé, e o sexto se tornou rei dos Popos. O sétimo e último a nascer era Oranyan (odede) , que se tornou progenitor dos yorubás; ele era o mais jovem, mas eventualmente se tornou o mais rico. Ele construiu a cidade de Oyó Ajaka, hoje Oyó.
De Ilê Ifé, os descendentes de Oduduwa espalharam-se por outras zonas da região yorubá; entre os estados que fundaram estão Ijesha (Ijexá), Ekiti e Ondo a leste; ketu, Sabe e Egbado a oeste; Oyó a norte, e Ijebu a sul.
Oranyan, fundou a dinastia de Oyó, que veio a ser o mais conhecido dos estados yorubás, em virtude de seu domínio político-militar sobre grande parte do sudoeste da Nigéria e da área que é hoje a República de Benin. Estas estruturas políticas e militares tem sido muitas vezes citadas como modelos de organização, onde figurava o Alafin ou rei, considerado como um chefe cuja posição na terra era comparável à do ser Supremo no Paraíso. O Alafin governava com a ajuda de seus poderosos conselheiros, os Oyó Mesi, que eram numericamente sete e que tinham também a seu cargo a escolha do novo Alafin, de entre os filhos do rei anterior. O chefe dos Oyó Mesi, o Basorun, tinha como funções às de chefe de estado e de conselheiro principal do Alafin, enquanto que o exército de Oyó era chefiado durante uma guerra por um grupo de nobres conhecidos por Eso, o chefe dos quais era o Are-Onakakanfo ou o generalíssimo do exército.
A Religião dos Yorubás
A religião tradicional yorubá envolve adoração e respeito a Olorun ou Olòdùmarè, o criador, dos Orichas e dos antepassados, e adoram 401 divindades; a maior parte desses Orichas são figuras antropomorfas, que também são associadas com características naturais. As pessoas rezam e fazem sacrifícios, de acordo com as suas necessidades e situação. Cada divindade tem as suas regras, rituais e sacrifícios próprios. Os yorubás rezam para que os Orichas intervenham nas suas vidas.
Olorun (o dono do céu), ou Olódùmare é o Deus supremo dos yorubás, ele é o criador, é invocado em bênções e em certas obrigações, mas nenhum santuário existe para ele, nenhum sacerdócio organizado.
Os yorubás, também, crêem que os antepassados interfiram diariamente nos eventos da terra. Em algumas cidades são feitos, anualmente festivais, onde cada Egungun dança, e é festejado. Como já vimos os yorubás, são um povo com uma cultura muito rica. Eles superaram muitos obstáculos para alcançar o ponto que estão hoje. A sua cultura e história podem ser vista ao longo do mundo, especialmente as convicções religiosas, em outras palavras, os yorubás são dos mais influentes povos do mundo.
Outra explicação que se faz a respeito do aparecimento das divindades seria que Oxalá ou Obatalá, deus da criação instalou o seu reino em Ifé, lugar sagrado dos yorubás. Fala-se que Obatalá tinha um irmão mais novo chamado Oduduwa, que ambicionava executar as tarefas que Olódùmare confiou a Obatalá e, para tanto, fez um ebó, contando com a colaboração de Eshu (Exu), que armou uma cilada, provocando muita sede em Obatalá, que se encontrava bastante cansado da viagem. Ao se aproximar de uma palmeira, usando seu cajado, furou a dita palmeira e bebeu o emu (vinho de palma) que jorrava. Exausto embriagou-se rapidamente e ali mesmo deitou e adormeceu. Oduduwa que vinha de espreita na retaguarda, passou em sua frente, tornou-se fundador dos povos yorubás.
Olodumaré
Poucos sacerdotes falam de Olòdùmarè, pois não existe nenhum altar, nenhum assentamento dedicado a ele e nenhum filho ou filha lhe é consagrado. A religião é parte essencial da cultura dos povos africanos, e acreditam que Olódùmare seja o ser supremo, é o Obá Orum, rei do céu. É ele acima de tudo; omnipresente, ele é Olorun Alagbara, o Deus Poderoso.
Diz a mitologia yorubá que Olòdùmarè, junto com a criação do céu e da terra , trouxe para a existência as outras divindades Orichas, para ajudar a administrar a sua criação, e a importância de cada divindade depende da posição dentro do panteão yorubá. Olódùmare é o Deus Supremo dos yorubás, merecedor de grande reverência, e o seu status de supremacia é absoluto.
Ele é omnipotente - tão omnipotente que para Olòdùmarè nada é impossível, ele é o rei cujos trabalhos são feitos para a perfeição. Ele é imortal - Oloddumare nunca morre, os yorubás crêem que seja inimaginável para Elemi (o dono da vida) morrer. Ele é Omnisciente - Oloddumare sabe tudo, não existe nada que possa se esconder dele; ele é sábio, tudo está ao seu alcance. Alguns estudiosos dizem que a religião yorubá, é a religião monoteísta mais antiga da humanidade.
Cronologia Real Yorubana
1 - Oduduwa
2 - Oranyan
3 - Ajaka
4 - Sango
5 - Ajaka
6 - Aganjú
7 - Kori
8 - Oluaso
9 - Onigbogi
10 - Ofiran
11 - Eguguojo
12 - Orompoto
13 - Ajiboyede
14 - Abipa
15 - Obalokun
16 - Oluodo
17 - Ajagbo
18 - Odarawu
19 - Kanran
20 - Jayin
21 - Ayibi
22 - Osiyago
23 - Ojigi
24 - Gberu
25 - Amuniwaiye
26 - Onisile
27 - Labisi
28 - Awonbioju
29 - Agboluaje
30 - Majeogbe
31 - Abiodun
32 - Awole Arogangan
33 - Adebo
34 - Maku
35 - Majotu
36 - Amodo
37 - Oluewu
38 - Atiba Atobatele
39 - Adelu
40 - Adeyemi eu Alowolodu
Nos dias de hoje, o rei (Obá ou Oòni) de Ilê Ifé, seria como o Papa negro, é o homem que representa toda a cultura negra iniciada por Oduduwa. É o líder espiritual da cultura yorubana, e a sua coroa representa a autoridade dos Obás. Todos os demais Obás (reis) dependem e curvam-se a seus conselhos. Em seu palácio em Ilê Ifé estão guardados os oráculos oficiais de Oduduwa, fundador de Ilê Ifé e bisavô de Xangô. Presume-se que Oduduwa tenha vivido de 2.180 a 1.800 A.C.
O Alafin de Oyó, (rei de oyó) é o líder político da cultura yorubana, na realidade é o líder dos yorubás. Senta no mesmo trono que seu ancestral Changô ocupou. Representa o poder ancestral dos conquistadores desta raça.
Nascimento dos Yorubás
Outra formalidade importante yorubá é o nascimento de uma pessoa. Dar nome a um filho envolve a comunidade inteira, que participa dando boas vindas ao recém nascido, felicitando os pais e fazendo pedidos em conjunto para que o filho tenha um futuro feliz e afortunado.
A família, primeiramente, escolhe o nome apropriado ao filho; o nome geralmente é escolhido de acordo com as circunstancias do nascimento da criança, observando as tradições de família e até fenómenos naturais que aconteceram em torno da nascimento do bebé. Depois do nome seleccionado, o pai ou um parente mais velho anuncia o dia de dar o nome que é chamado Ikomojade. Tradicionalmente, para meninos é um dia após o nascimento, para meninas é no sétimo dia e para gémeos de ambos os sexos, no oitavo dia de nascimento. Hoje em dia a prática é feita no oitavo dia para todos os recém nascidos.
A cerimónia acontece ao ar livre, a criança deve estar com os pés descalços, e a primeira vez que ela tem contacto com os pés na terra, é a primeira vez que o filho sai fora de casa. Todos os parentes e membros da comunidade têm interesse em dar boas vindas ao recém nascido, cada pessoa trará dinheiro, roupas e outros presentes tanto para o filho quanto para aos pais. As mulheres entregam os presentes à mãe e os homens dão os presentes ao pai. Depois de todos os presentes à mãe entrega o filho a um ancião, que exercerá os rituais; é apropriado que um velho ancião seja o primeiro a guiar o filho.
Tudo começa quando um jarro de água é jogado sobre o telhado, de forma que o recém nascido é seguro de baixo e recebe no corpo a água que cairá de volta. Se o filho se manifesta gritando é considerado de bom sinal, isto indica que ele veio para ficar. A água é o primeiro dos muitos itens cerimoniais, e o seu uso reflecte a importância do filho para a família. Após o filho ser borrifado com água o ancião sussurra o nome do recém nascido em seu ouvido; e molha seu dedo na água e toca a fronte do bebé, e anuncia o nome escolhido em voz alta para que todos ouçam. São colocadas as vasilhas contendo os ingredientes necessários para continuação da formalidade; cada ingrediente tendo um significado especial. A primeira vasilha consiste em pimenta vermelha da qual o ancião dá uma prova ao pequeno filho. A pimenta simboliza que o bebé será resoluto e terá comando acima das forças da natureza. A pimenta então é distribuída para o gosto da assembleia inteira; depois da pimenta o recém nascido experimenta água, significando a pureza de corpo e espírito, que o deixará livre das doenças; logo o ancião oferece sal ao bebé, que simboliza a sabedoria, a inteligência; deseja-se que nunca lhe falte o sal, mas que sua vida não seja salgada, que ele tenha felicidade e doçura na vida, que tenha uma vida sem amargura; depois é oferecido óleo de palma (epô) que é tocado com os dedos nos lábios do bebé, num desejo de potência e saúde. O filho então saboreia mel, e o ancião pede que ele seja tão doce quanto mel, para a família e para a comunidade, que tenha felicidade. Depois é oferecido vinho, para que o filho tenha fartura e prosperidade na vida; e finalmente o bebé recebe uma prova de noz de kola, simbolizando o desejo para boa fortuna do filho. O ancião, ou particularmente o pai da criança, pode adicionar mais ingredientes para fazer parte da formalidade, pode ser objectos que representam as divindades que a família adora, como por exemplo se a divindade da família é Ogun, o pai exige que uma faca ou espada seja usada na formalidade, e assim por diante.
O nascimento mais importante é de gémeos (Ibejis), o nome do primeiro nascido será Táíwo, e o segundo a nascer será chamado de Kéhìndé.
E o filho nascido depois de gémeos será chamado de Idowu, este nascimento é cercado de superstições. Depois do item final ser distribuído para a comunidade, começam as festividades, e todos comem e dançam numa grande alegria que durará até a madrugada.
Os Yorubás e a morte
Os yorubás e muitos outros grupos africanos acreditam que a vida e a morte alternam-se em ciclos, de tal modo que o morto volta ao mundo dos vivos, reencarnando-se num novo membro da própria família. São muitos os nomes yorubás que exprimem exactamente esse retorno, como Babatundê, que quer dizer "o pai renasceu".
Para os yorubás, o mundo em que vivem os seres humanos em contacto com a natureza, chama-se de aiê, e um mundo sobrenatural, onde estão os Orichas, outras divindades e espíritos, é chamado de orum (céus). Quando alguém morre, seu espírito ou parte dele vai para o orum, de onde pode retornar ao aiê nascendo de novo.
Alguns espíritos são adorados e se manifestam nos festivais de egungum no corpo de sacerdotes que se dedicam a esta parte do ritual africano, comandados pelo sacerdote chefe chamado Babansìkù; nesta ocasião transitam entre os humanos, julgando as suas faltas, dando conselhos e resolvendo contendas e pendências de interesse da comunidade. Assim como a sociedade egungum adora os antepassados masculinos do grupo, outra sociedade de mascarados, a sociedade Gèlédé, se dedica a homenagear as mães ancestrais (as Iya Nla).
Na concepção yorubá, existe a ideia do corpo material, que chamam de ara, o qual se decompõe com a morte e é reintegrado a natureza, por este motivo os sacerdotes antigos não gostavam da ideia de serem enterrados, pós-morte, em outro lugar a não ser directo na terra. A parte espiritual é formada de várias unidades reunidas:
1º Emi essência vital de cada pessoa que independente do seu corpo físico e que sobrevive a morte deste.
2º O Ori que é a personalidade-destino, espécie de portão espiritual para o culto, é no ori que reside a força principal de captação e re-emissão do aché, é nesta região que se determina qualquer tipo de comportamento, onde se pode reproduzir o conjunto de atitudes que correspondem às características psicológicas de um oricha. É consequentemente no ori que se manifesta a personalidade que cada pessoa possui na natureza, o seu tipo de comportamental cujas características advêm da humanização de uma energia da natureza.
3º Elemi ou Eledá, a identidade sobrenatural ou identidade de origem que liga a pessoa à natureza, ou seja, o Oricha pessoal.
4º O espírito propriamente dito ou Egun.
Cada parte destas precisa ser integrada no todo que forma a pessoa durante a vida, tendo cada um destino diferente após a morte. O emi, sopro vital que vem de Olorum, que está representado pela respiração, abandona o corpo material na hora da morte, sendo reincorporado à massa colectiva que contém o principio genérico e inesgotável da vida, força vital cósmica do deus-primordial Olódùmarè. O emi nunca se perde e é constantemente reutilizado. O ori, que nós chamamos de cabeça e que contém a individualidade e o destino, desaparece com a morte, pois é único e pessoal, de modo que ninguém herda o destino do outro. Cada vida será diferente, mesmo com a reencarnação. O Oricha individual, que define a origem mítica de cada pessoa, retorna com a morte ao Oricha geral, do qual faz parte. Finalmente o Egun, que é a própria memória do vivo em sua passagem pelo aiê, vai para o Orum, podendo daí retornar, renascendo no seio da própria família biológica. No caso do egun, os vivos podem adorar a sua memória, que pode ser invocada através de um altar ou assentamento, assim como se faz para os Orichas ou outras entidades espirituais. Sacrifícios votivos são oferecidos ao egum que integra a linhagem dos ancestrais da família ou da comunidade mais ampla. Representam as raízes daquele grupo.
Na religião de origem africana, a morte de um iniciado implica na realização de rituais funerários. O rito fúnebre é denominado Itutu (ritrual dos mortos) tendo como principal fim, despachar o egun do morto, para que ele deixe o mundo terreno e vá para o mundo espiritual. Como cada iniciado passa por rituais e etapas iniciativas ao longo de toda a vida, os rituais funerários serão tão mais complexos quanto mais tempo de iniciação o morto tiver. O rito funerário é, pois, o desfazer de laços e compromissos e a liberação das partes espirituais que constituem a pessoa. Nesta cerimónia os objectos sagrados do morto são desfeitos, desagregados, quebrados, partidos e despachados, cortando qualquer possibilidade de vínculo do egun com o mundo terreno. Nestas obrigações, há cantos específicos e danças, sacrifícios e oferendas variadas ao egun e os Orichas ligados ritualmente ao morto, várias divindades participam activamente do ritual funerário através de transe. Nos rituais funerários da nação Ijexá, costuma-se velar o corpo em casa, ou seja, no terreiro, onde há toques de tambores, danças e cantigas apropriadas. A primeira providencia a ser tomada pós-morte é despachar os Barás que pertenciam ao irúmòle do falecido. O ponto culminante do ritual, é o èrìssùn, que acontece no sétimo dia. Estes rituais variam de terreiro para terreiro, de nação para nação.
A Fé
Esta é a parte mais importante na feitura de qualquer trabalho, seja este para amor, negócios ou saúde, tem os que fazer com muita fé, confiar no poder dos Orichas, fazer com o coração aberto, sem dúvidas da resposta. A fé é o "meio trabalho", muitas vezes não precisa de grandes oferendas, damos uma vela com fé e recebemos a graça desejada, é claro que em seguida damos uma oferta maior para agradecer os Orichas, nós precisamos desta força interior. E há casos em que desejamos determinados acontecimentos, e o objectivo não é alcançado, neste caso, não devemos ficar irados com os Orichas, nem sempre aquilo que queremos servirá para nos fazer feliz, pode ser bem ao contrario, não devemos perder tempo com ilusões, só virá até nossas mãos aquilo que merecemos, eles não nos darão um fardo maior do que possamos carregar.
Todos sacerdotes de Oricha, também precisam se descarregar, de vez enquanto fazer uma boa limpeza, uma boa descarga para clarear a aura, os que vivem para ajudar, também precisam de ajuda, e seria melhor preservada a nossa religião se estes que ainda detêm um pouco da sabedoria dos cultos, passassem a diante, é tão bom quando se precisa de auxilio e ele esta próximo, se não passarmos os segredos do culto, como ficará no futuro a nossa raiz?
Já perdemos muito e o que resta tem que ter continuidade, peço aos meus irmãos de culto que pensem nisto, não querer ensinar é egoísmo, se recebemos podemos dar, claro que temos que ver para quem estamos passando os rituais sagrados dos Orichas, não dá para entregar na mão de qualquer um, mas, se olharmos a nossa volta sempre terá um ou outro que seguirá a risca o que lhe for delegado, os Orichas sempre irão por descendência na religião, porém, ninguém nasce sabendo.
Falando ainda na preservação dos cultos, tem muito pai e mãe de santo perdido, acham que sabem tudo, e as vezes se deparam com situações difíceis, e não sabem para que lado correr, por que será? É por que não perguntam quando tem dúvidas, não querem ser humildes e pedir explicações para quem sabe, acabam fazendo errado aquilo que seria tão prático, pedir auxílio; o médico quando não tem certeza do que fazer, num caso raro, pede ajuda de seus companheiros, fazem uma junta médica, e isto está faltando no culto, nós vamos morrer e não vamos ver tudo, não vamos saber de tudo, sempre tem um que sabe um pouco mais. Tem sacerdote aí que só quer aprender a fazer maldade, fazem mil assentamentos desnecessários, não se contentam só com Orichas que devem fazer parte da sua feitura, querem ter "coisas" que nem pertencem a sua raiz (sua nação religiosa), estes sempre acabam sem saída, temos que compreender que, o que é nosso ninguém nos tira, não é tendo um "cemitério" em casa que me fará seguro; sempre tem uma arma para "matar" uma pomba voadora, e muitas vezes só com nossos humildes "santinhos", conseguimos dar largos passos.
Okanbi
Com a bênção de Meu Pai Aggayú e Yemanjá
http://www.centroanastacia.com/historia-povo.htm
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