Antes de tudo, procure falar com um antigo Bàbálòrìsà ou Yálòrìsà, dos velhos tempos de “Batuque”( Batukàjé), e pergunte-lhe o que é “troca de cabeça”, por muitos hoje, também chamado de “troca de vida”.
O nome correto em africano é “Eru” mas, temos três maneiras de dar a definição desta palavra, como sendo:
Eru (1) = Neste conceito é um espírito mau, “bravo” que desce para perturbar a vida de uma pessoa ou “função” (festa); por tal motivo que antes de se iniciar qualquer “Obrigação”, realizamos uma limpeza no local, e até mesmo, antes de qualquer “Ebó” colocamos uma oferenda na primeira encruzilhada para não perturbar. “Èru” = em Yorùbá: desonesto, misturador de coisas e desordenador.
Eru (2) = Tem como conceito também e é empregado : Grande pacote que se faz, no último dia do asesé (aressum), com os “assentos” e objetos que pertenceram ao morto, além de tudo mais que foi usado nessa cerimônia fúnebre. Essa carga é “despachada” em lugar determinado pelos Òrìsàs : Rio; mar; mata, etc… Levada por “Sacerdotes” preparados, pois é muito perigosa, já que pode estar acompanhada por espíritos malévolos. Eru = em Yorùbá: carga, pacote para descarregar, “troca de cabeça ou de vida”.
Antes devo dizer: Não devemos confundir a “troca de cabeça” com “troca de Òrìsà” . A mudança de Òrìsà (Olóri, dono da cabeça ou vulgarmente, devido ao sincretismos, chamado de Anjo-de-Guarda), ninguém pode mudar de Òrìsà (Olóri). O que pode acontecer é um “Feitor (a)” incompetente não saber identificar o Òrìsà (Olóri) de uma pessoa.
Eru (3) = “Troca de Cabeça”
É a cerimônia ritualística efetuada para transferir a doença de um Filho de Òrìsà ou cliente para algum animal de quatro-pés ou aves, desde que o seu Òrìsà dê o consentimento, por meio do Àse de Búzios. O doente recupera a saúde, enquanto o animal é sacrificado.
Rito, existem várias cerimônias “Eru ou Trocas de Cabeças” e são impressionantes; por exemplo:
Caso ainda o enfermo tiver condições de andar, fica no salão, e o “Feitor (a)”e seus auxiliares, com os trajes próprios do ritual, o animal deve ser coberto por um pano preto, passado no enfermo até desfalecer o animal, após passa-se epô (dendê ). Tira-se os “orins”para Sakpata (Xapanã) e outros, cumprindo-se os preceitos necessários. O paciente, tira-se toda a roupa e canta-se para Egungun. Depois passar os àses (pacotes) de Òrìsàs, passa-se epô pelo corpo todo do doente. Abre-se uma fenda nas costas do quatro-pés (ou ave) e nela iremos colocar a roupa e os “cabelos” do doente, bem como, os àses indicado pelo Àse de Búzios . Iremos despachar em uma determinada “árvore”, devemos realizar uma fenda na árvore e coloca-se o despacho em cima .
Observação : Tem casos em que o animal vai inteiro e embaixo, ou seja, no pé da árvore; e, em outros na fenda, iremos colocar os cabelos e a roupa do paciente (doente) e o animal fica por cima. Enquanto essa árvore tiver “vida” o paciente estará seguro.
Assim como, existe outro “Eru”, que realizamos, e sendo um ritual totalmente especial, para casos de doenças graves como os de câncer, aids, etc…Não trata-se de cura, mas fazer estancar, paralisar a doença . Esse “Eru” é realizado com certos Òrìsàs, e realizado também um rito especial, sendo despachado em uma ruína .
Assim como, o “Eru Sávó”, para tirar feitiços de uma pessoa (saruada), doente psicologicamente, problemas financeiros, com mão de Egungun, etc…
Importante : Estás obrigações só poderá ser realizadas, feitas por pessoas, que tiverem feitura com quatro-pés, “Óbori Completo”, ou já, com os Òrìsàs assentados. O mínimo de pessoas, para executar tais ritos, são : de duas, mais o Feitor (a).
Eru, existem dois processos de se proceder:
O “DIRETO” e o “INDIRETO” : Supondo-se o interessado “presente ou ausente”, bastando por vezes, uma peça de roupa, cabelos, jóias, ou um retrato ( no máximo com 6 meses) e que estabeleça uma relação magnética com a pessoa enferma . Em qualquer caso, devemos empregar em oferendas as víceras dos animais : Coração, fígado, rins, intestinos ou partes como uma língua, cabeça, pernas, braços; segundo, e que seja, correspondentemente ao órgão doente do paciente que nos consulta ou manda um terceiro consultar por ele.
Essas partes ou órgãos, passados no corpo do doente invocando, a título de oferenda, ou segundo a urgência a corpo nu; após ficam por algum tempo arriado ante o altar dos Òrìsàs. Para depois serem despachados no mato, campo, monte, encruzilhada, praia ou no ilèfékum (cemitério), acompanhadas dos demais produtos ou objetos empregados no ritual, como sejam : fitas, varas, roupas de uso, moedas, velas, farinha de trigo, pipocas, opetés, arroz e mesmo, certas comidas prévia e especialmente preparadas para o fim.
Como já falei anteriormente, é regra geral.
O trabalho mais completo nesse sentido é o “Eru ou Troca de Cabeça”, que consiste no sacrifício de um animal de quatro-pés ou ave; vivos, antes do ritual de operação, sobre eles é executado todo cerimonial, e cuja significação é oferecer “uma vida em troca de outra” em condições periclitante.
A chamada “Troca de Cabeça”ou mais pròpriamente “Eru”, só tem lugar no caso de moléstias graves. Compreende o sacrifício e rito fúnebre da ave ou animal de quatro-pés que se oferece.
Em outros casos, conforme os “Búzios” a oferta consiste na doação de aves, após rito, as quais a cerimônia, são soltos vivos, no lugar que for determinado pelo Òrìsà. Para tal fim, é largamente empregado o pombo, e por vezes o galo, galinha ou cabrito, quase sempre ornamentados, e onde não faltarão o epô e o mel. Caso, em que, não se trata da “saúde” do indivíduo, porém, de propiciar as entidades em favor de outros múltiplos motivos, que soem perturbar a marcha da existência de cada um: Ódios, invejas, perseguições, maus negócios, lutas de demanda, desentendimentos, aspirações, etc…
Se alcançam ou não tais objetivos, com esses processos, é cousa que só a numerosa e, por vezes, seleta, clientela pode dizer com precisão e conhecimento de causa.
Alá… Gá-jú-lò… Òrìsà Agonjú…Kàwò Ka biyè si lê!… Abá!..Abá!..
http://povodosanto.wordpress.com/batuque/eru/
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ORIXÁS, UMBANDA E CANDOMBLÉ
POR AMOR AOS ORIXÁS - ANO III