Oyá, deusa das guerras e das tempestades, mulher amante da música e da dança e que adora vestir roupas vermelhas virou personagem de livro voltado ao público infantil. Iniciativa do abrangente programa AfroUneb - ligado ao mestrado do departamento de Ciências Humanas da Universidade do Estado da Bahia -, Iansã (como Oyá também pode ser chamada) abre a coleção que pretende levar aos pequenos estudantes baianos as lendas dos orixás de origem iorubá, mais conhecidos dentro das diferentes religiões de matrizes africanas.
"Só havia produções infanto-juvenis com heróis de contos de fadas baseados na civilização européia. A idéia é elevar a auto-estima das crianças negras mostrando sua ancestralidade com reis, guerreiros e sacerdotes e contar a história do Brasil não sob a ótica da cultura hegemônica", levanta Fábio Lima, mestre em Antropologia e doutorando em Estudos Étnicos Africanos, que adaptou a lenda de Oyá para a linguagem da garotada.
A edição foi ilustrada pelo formando em Desenho Industrial da Uneb, Tiago Hoisel que, a princípio, não tinha muito conhecimento sobre o assunto. "Por ser o meu primeiro trabalho na área da cultura afro-brasileira, usei como referência ilustrações de orixás de grandes mestres como Carybé, além de me apoiar em pesquisas que fiz ouvindo pessoas ligadas à religiosidade africana", lembra. O resultado, fincado na linguagem do cartoon, atendeu à intenção do autor de aproximar Iansã dos personagens de desenho animado de lutas com os quais a criançada de hoje em dia anda bem familiarizada. Lima conta que tomou cuidado para equilibrar a informação das guerras e dos heróis com uma mensagem pacificadora.
África na sala de aula
Iansã é o primeiro resultado mostrado ao público do programa AfroUneb - conjunto de ações voltadas à formação de professores e produção de material didático para atender a lei federal 10.639/03, que determina o ensino da história e cultura africanas e afro-brasileiras nas escolas do país. A intenção da professora Ana Rita Araújo Machado, uma das coordenadoras do AfroUneb (que tem coordenação geral do professor Wilson Roberto de Matos), é chegar até o final da segunda etapa do programa, prevista para o começo de 2007, com dez orixás retratados na coleção. Em breve, será lançado o segundo exemplar, com a lenda de Oxóssi.
"Mais do que atender à lei, o objetivo do programa é construir, no âmbito da academia, uma lógica educacional não racista", observa a coordenadora. O programa, que partiu do know-how acumulado no Laboratório da Cultura Negra, do mestrado de Ciências Humanas da Uneb em Santo Antônio de Jesus, está prestes a concluir sua primeira etapa, composta por 18 ações ligadas à formação de professores e produção de material didático. Dentre elas, estão listados o site do AfroUneb e o CD-Rom Time line - que deve ser lançado nos próximos dois meses -, voltado a professores do ensino médio e fundamental.
Desde o começo do funcionamento do programa, em dezembro do ano passado, 150 professores das redes públicas municipal e estadual das cidades de Salvador, Bonfim, Santo Antônio de Jesus, Itaberaba e Alagoinhas, já cursaram a formação do AfroUneb. "A primeira etapa da formação compreende ações didáticas que abordam o tema pluralidade cultural. A segunda fase fornece conteúdo sobre a história da África e a terceira trata da história de afro-brasileiros", destrincha Ana Rita Machado, que constatou o baixo nível de informação de muitos professores. "Pessoas que não têm como sair para fazer uma especialização, um mestrado ou um doutorado e estavam afastadas dos discursos contemporâneos sobre as populações negras".
fonte www.palmares.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD... -
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