:.. As origens dos Cultos Afros ..::
A Influência negra no Rio Grande do Sul
O negro aparece no Rio Grande do Sul em 1725, com a frota de João Magalhães, vinda por terra. Estes negros, certamente escravos, realizavam o serviço pesado. Porém oficialmente a presença negra, no território gaúcho, data de 1737, quando o Brigadeiro José da Silva Paes se estabelece na Barra erigindo o Presídio Jesus, Maria e José, marco inicial da nossa colonização. Durante muitos anos esta região, distante e hostil, denominada Continente, foi usada como ameaça contra os escravos rebeldes ou preguiçosos do centro do Brasil, sendo estes enviados para este local, considerado por eles como pior que o inferno, um autêntico degredo na solidão verde do pampa.
Assim deu-se o inicio da colonização negra no Rio Grande do Sul, estendendo para o Prata clandestinamente. O negro marcou sua presença, indelevelmente, na História, na Geografia, no folclore, no linguajar, nas artes, no esporte e na política.
Na historia, há uma notável participação dos negros durante a Guerra dos Farrapos e na Guerra do Paraguai, nesta ultima lutaram substituindo o sinhozinho branco e que, após a vitória, se recusaram a voltar para o Rio Grande.
Na Geografia são muitos os topônimos de origem negra no mapa gaúcho, inclusive alguns com o nome de quilombos.
No folclore, algumas lendas falam de escravos entre nós: As Torres Malditas, Cambai, Santa Josefa e o Negrinho do Pastoreio.
No linguajar, são correntes termos como: caiambola, cacimba, mondongo, mocotó.
Nas artes são inúmeras as influências de elementos negros, como o maior tambor brasileiro atualmente, o "sopapo". Artistas negros marcaram a cultura brasileira como Lupicínio Rodrigues, e o ator Breno Mello, o inesquecível Orfeu Negro do cinema.
No esporte bastaria a simples menção ao nome do tricampeão Everaldo e, antes dele, o grande Tesourinha, entre muitos outros mais recentes.
Na política, o grande nome é do Deputado Carlos Santos, de notável atuação parlamentar durante um quarto de século.
Na culinária gaúcha brasileira, três pratos têm etiologia negra: o mocotó, a feijoada e o quibebe.
Mas é na religiosidade popular que se encontra a cultura negra mais decisivamente. Desde o século passado, nota-se a existência de cultos negros em Porto Alegre com terreiros de batuque, que se proliferaram e hoje somam mais de 50.000 casas de Batuque em todo o Estado.
Entendemos que a história afro-brasileira, com seus ritos, crenças e mitos, é a experiência existencial do povo africano. Nesse sentido, a experiência e existência desse povo está na base de toda manifestação e transformação pela qual passou essa Religião. Com o tráfico de escravos vindos para o Brasil, os negros africanos trouxeram nos navios negreiros uma única, porém, rica bagagem: a sua religião.
Os Jêjes e os nagôs foram os primeiros a trazerem para o Brasil os ritos, as suas crenças, os seus mitos, seus voduns e seus Orixás. Nasceu, assim, o Candomblé na Bahia, o Xangô no Recife, a Casa de Nagô e a Casa das Minas (Jêje) no Maranhão, e, no Rio Grande do Sul o Batuque.
Arrancados violentamente de sua cultura, de seu país, os representantes dos povos africanos que aportaram no Brasil, tiveram, no século XVIII, que encontrar meios e maneiras de reconstruir sua religião no novo mundo. Nesse universo da exploração expressa pela escravidão, procuraram preencher o vazio de sentido, escolhendo (re)atualizando, de sua memória cultural, elementos que podiam simularmente "reconferir sentidos" e a sua existência.
Foram os jêjes os primeiros que trouxeram para o Brasil a sua religião, pois Ajudá era o grande de escravos da Costa da Mina, conhecido como Costa do Leste ou Costa dos Escravos, onde encontrava-se jêjes. Os Régulos (tribo africana) de Abomey (cidade africana em Damoey) conquistaram os reinos litorâneos e impuseram muitas restrições aos traficantes de escravos que, desta forma, passaram a buscar sua mercadoria em outro local, no Rio de Lagos, já nas terras dos Nagôs. Por esta razão, os Nagôs predominaram, em número e culturalmente, na Bahia, até o final da escravidão. Mesmo em 1763, quando a Bahia deixou de ser capital do Brasil, a sua estagnação dava aos jêjes e nagôs lazer suficiente para revirem as suas religiões nativas.
Assim nasceu o Candomblé na Bahia. Os jêjes e nagôs reexportados da Bahia para os Recife estiveram entre os primeiros a reviver a religião nativa segundo o modelo bahiano. Já no Maranhão, jêjes e nagôs, tomaram caminhos diferentes. Desde o início, reuniram-se em torno de núcleos hoje seculares como a Casa de Nagô e a Casa das Minas (jêje).
Remetendo tal questão para o Rio Grande do Sul, é importante lembrar que, em face de sua condição periférica, o problema da história do negro neste Estado adquiriu caráter particular. De modo geral, o Rio Grande do Sul construiu sua história a partir de circunstâncias específicas, deixando de lado o problema da escravatura ou, na melhor das hipóteses, vendo-a como uma cultura dominada, na medida em que valorizou sempre a celebração das elites, mitificando a realidade através das idéias de "Democracia Racial". Isso se deu com um objetivo claro: legitimar o velho domínio das oligarquias pastoris.
Os Orixás, os mitos, os atabaques, e uma série de outros elementos negros, encarnaram-se em solo rio-grandense para que pudessem continuar existindo.
O Rio Grande do Sul também teve a presença dos povos jêjes e nagôs, vindos para este Estado através dos desbravadores que trouxeram junto com suas caravanas, escravos negros provenientes da Bahia e de outros estados brasileiros. Porém, os povos iorubás, da Nigéria, portadores de uma mitologia complexa e altamente organizada, legaram-nos seus mitos, seus Orixás. Estes povos eram organizados em estados poderosos, dos quais o mais importante foi o reino de Benin Segundo Artur Ramos referindo-se, em "introdução a Antropologia Brasileira", estes povos eram "uma espécie de autocracia teocrática onde o rei Obá gozava de uma autoridade absoluta".
A civilização de Benin tinha atingido um grande explendor, como se pode ver na coleção de objetos de arte que guarnecem atualmente os museus europeus e na própria África. Porém, o reino de Benin foi destruído no final do século XIX pelos Ingleses. A destruição desse reino trouxe para o Brasil, especificamente para o Rio Grande do Sul, o PRÍNCIPE CUSTÓDIO JOAQUIM ALMEIDA. Custódio significou a resistência do negro neste Estado gaúcho.
Este príncipe foi a evocação da África enquanto matriz privilegiada, na qual surgia uma identidade do negro, com a sua ancestralidade. Havendo, assim, o resgate da africanidade do negro rio-grandense através de Custódio, em relação ao domínio da religião africanista reatualizando o significado de seus mitos, suas crenças e seus deuses.
As religiões afro brasileiras são tradições ou transmissões orais, portanto, são fontes histórica cujo caráter próprio está determinado pela forma em que são revividos. Elas são orais e tem a particularidade de se cimentarem de geração em geração na memória dos homens.
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quinta-feira, 31 de março de 2011
CULTOS AFRO NO RIO GRANDE DO SUL
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