No panteão iorubá, há uma deidade que atravessa toda a estrutura religiosa. Ela está presente nos cultos dos lesse orixá - adoradores de orixá - e nos cultos dos lesse Egun - adoradores de Egun. Seu nome é Exu (Exu, Exu Bara, Elegbara, Elegba). Exu é a primeira deidade a ser criada por Olodunmare e é o mais sagaz de todos os orixás. Ele é o mensageiro divino. Um dos seus papéis é entregar os sacrifícios que recebe a Olodunmare. Todos os sacerdotes da religião tradicional iorubá consideram esse papel importante. Entre suas várias facetas, Exu é apontado como "manhoso trapaceiro", o divino contraponto do cágado nos contos populares iorubá, que se deleita com as desordens que arma; também serve Olodunmare e os outros orixás; causa contratempos para os seres humanos que os ofendem ou negligenciam suas obrigações religiosas. Ele é notório por começar brigas, por matar pessoas ao fazer cair paredes e árvores sobre elas, por provocar calamidades tanto para os orixás como para os humanos, mas sua atuação ao realizar a entrega de sacrifícios a Olodunmare é o motor de todo o sistema de conservação e transmissão do axé - capacidade de realizar -, atributo de Olodunmare: Exu é a ética de Olodunmaré - o inspetor geral do axé!. Em outro verso, Exu é identificado como sendo aquele indicado por Olodunmare para vigiar os outros orixás na Terra. A reputação de malignidade de Exu decorre do fato de ele ter o importante papel de executor divino, punindo aqueles que descumprem os sacrifícios prescritos - ebó - e recompensando os que os fazem. Segundo os versos de Ifá, Exu deixa Sakeu para morrer no ar médio, faz com que dois amigos morram no mesmo dia, tudo porque deixaram de sacrificar. Outro par de amigos morrem no mesmo dia porque deixaram de acalmar Exu, a rã é ferida e perde sua coroa por não conseguir apaziguar Exu; o Rei das Térmitas faz o sacrifício e é feito rei, mas quando se recusa a realizar um segundo sacrifício contra Ikú - a morte -, Exu destroça a colina das Térmitas (cupinzeiro); Ojuro deixa de sacrificar e Exu a faz perder seu caminho, mas quando seus parentes sacrificam em seu nome, ela é encontrada; outra personagem faz um sacrifício para ter filhos, mas não um segundo para que não se tornem inimigos. Quando os filhos dela nascem, Exu faz com que eles lutem entre si e ambos perecem. Em muitos versos igualmente numerosos, Exu auxilia os que fizeram os sacrifícios prescritos e os assistiu na obtenção daquilo que desejavam. O próprio Orunmila posterga um sacrifício e é levado como ladrão, mas quando o faz, Exu o auxilia não só para fugir, mas também para que seja recompensado por haver sido falsamente acusado. A hiena faz um sacrifício e se torna rei; e quando deixa de fazer um segundo sacrifício, Exu provoca sua deposição, mas quando a hiena finalmente efetua o sacrifício, Exu a auxilia a recuperar a coroa. Quando a mulher do rei faz sua escrava realizar um sacrifício em seu lugar, Exu dá a criança prometida à escrava. Ajaolele sacrifica e Exu o faz lutar com a filha do chefe, mas por meio disso ele se casa com ela e com duas outras esposas sem ter que pagar pecúlio às noivas. Exu interveio para salvar o povo de More da morte; ajudou Galo a vencer um torneio de capinação e, em conseqüência, a conquistar uma noiva; ajudou Orunmila a se casar com a Terra, tudo porque os sacrifícios prescritos foram realizados. Em síntese: Exu é o dinâmo do sistema iorubá; seu motor, sua dinâmica, sua dialética.
A ação repressiva dos cristãos europeus e, posteriormente, latino-americanos
sobre os africanos, escravos e seus descendentes forjou o sincretismo entre
os Orisa e os Santos Católicos.
Consequentemente, Esu e o diabo cristão na sua forma mais primitiva,
teologicamente.
Assim sendo, a idéia de um Esu reelaborado pelos cristãos e, essencialmente
maléfico e tenebroso, é inconcebível na Teologia e na cosmovisão Yoruba, que
não tem um “inferno´´ declarado, e os homens não são punidos a post mortem.
Muito embora, existam lendas e mitos populares onde Esu é retratado como
manhoso, trapaceiro ou encrenqueiro.
Se Esu for reverenciado com o Ebo designado nada disso será verdadeiro e a
sua suposta imagem de
malignidade, decorrente dessas lendas, cairá por terra.
Na verdade, Esu é o Executor Divino, punindo aqueles que descumprem o
sacrificio prescrito, recompensando aqueles que o fazem.
Ele nada faz por conta própria. Está sempre servindo de elemento de ligação
entre OLORUN e Orunmila ou então servindo aos Orisa.
Segundo a Teologia Yoruba, nenhum ser divino pode punir um Ara aiye "ser da
terra", diretamente, sem a consulta a Olodunmarê.
Diversos Itan Ifa nos dão conta que Esu também é encarregado por OLORUN para
vigiar os Orisa no Aiye. Isso só pode ser feito porque ele é imparcial no
seu papel de Executor Divino.
É por isso que todos os devotos de todos os Orisa sacrificam para Esu, por
recomendação de
Ifa, nos tempos de dificuldades, buscando dessa forma sua intermediação com
Olodunmarê.
E, para que os Babalawo não se excedam ou mintam na prescrição dos ébó, o
próprio Esu na qualidade de
Odusó sempre estará presente no jogo, cuidando para que o Iwa "caráter" do
consulente e do Babalawo não sejam maculados.
Esu reporta-se diretamente a OLORUN e mantém um inter-relacionamento com os
Orisa e com os Egungun "ancestrais".
Ele não é vingativo e nada executa por sua própria conta, apenas cumpre
fielmente as ordens de OLORUN, conforme os ditames do Iwa contido no Ori
individual, destino escolhido por cada Ori no Ipori Orun “Lugar em que o
ser humano é preparado´´.
E necessário, o mais depressa possível, esquecer, "desumbandizar" e
"deskardekizar" as religiões de matriz africanas, pois não se pode viver com
o paradigma de bem e mal, inexistente nessas religiões.
Em síntese, transmutar, teologicamente, a pedra primordial em pedra angular
sobre a qual se sustenta a cosmografia tradicional Yoruba.
http://toluaye.wordpress.com/2005/11/29/esu-a-pedra-primordial-da-teologia-yoruba-iangui-exu-onan-ona-o-que-e-exu/
http://www.jornalkibanazambiaxeecia.com/gpage7.html
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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
RESGATANDO A VERDADE DE EXÚ ORIXÁ
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