segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O RITUAL DO IPADÊ DE EXÚ

O RITUAL DE ÌPÀDÉ NO CANDOMBLÉ

A palavra Ìpàdé significa “encontro, reunião”. Da contração desta palavra surgiu o termo “padé” que ficou para determinar o "ritual do padé".

Nessa ocasião, todos os membros da casa devem estar no barracão. No momento do ìpàdé ou padé os Exus, Ancestrais, Orixás e pessoas filhos do egbé formam um
conjunto muito importante.


E uma cerimônia restrita aos iniciados, todos permanecem abaixados, ajoelhados em esteiras sem olhar o que se passa a sua volta.
Este ato é por causa de iyamin.
Se uma pessoa levantar a cabeça em hora indevida, as iyamins podem cegar esta pessoa naquele momento.

No ato do ìpàdé, só a Ìyamoró pode entrar e sair do barracão, pois a ela foi conferido um objeto (cuia) que a proteje como escudo dos perigos das ajé(iyamin).

Na verdade, o ìpàdé é uma obrigação feminina, quem controla o ìpàdé são as Iyá Mí Ajé ou “As Grandes Mães Feiticeiras”.

chamado popularmente de Padê de Exú é um ritual executado antes de qualquer cerimónia interna ou pública do Candomblé, Exú é sempre o primeiro a ser homenageado.

De manhã, consuma-se o sacrifício; os preparativos culinários e a oferenda às divindades ocupam o restante do dia; a cerimónia pública propriamente dita começa ao fim da tarde, quando o sol se põe e prolonga-se por muito tempo, noite adentro.

Qualquer cerimónia tem início, obrigatoriamente, com o Padê de Exú.

Exú é considerado o Mercúrio africano, o intermediário necessário entre o homem e o sobrenatural, o intérprete que conhece ao mesmo tempo a língua dos mortais e a dos Orixás.
É pois ele o encarregado – e o Ipadé não tem outra finalidade – de levar aos Orixás o chamamento dos seus filhos.


CELEBRAÇÃO PELAS FILHAS DE SANTO
O Ipadé é celebrado por duas das filhas-de-santo mais antigas da casa, a Dagã e a Sidagã, ao som de cânticos em língua Iorubá, cantados sob a direcção da Iyà Têbêxê e sob o controle do Babalorixá ou Yalorixá, diante de uma quartinha com água e um prato de barro contendo o alimento de Exú, e um outro recipiente com o alimento favorito dos ancestrais.

Esta cerimônia entoa obrigatoriamente uma cantiga aos mortos (Essá) ou para os antepassados do Candomblé, alguns de entre eles são mesmo designados pelos seus títulos sacerdotais.
A quartinha, o recipiente e o prato serão levados para fora do barracão onde se desenrolarão as restantes cerimónias.
A festa propriamente dita pode então começar.

Obs.: Não confundir Padê (que significa a comida de Exú) com Ipadé (que significa Encontro) que é a cerimónia propriamente dita.

Precedendo todos os toques é realizada de dia, com exceção na cerimônia AXEXE quando é rodado durante à noite.

NÃO SE "DESPACHA"  EXÚ
Por falta de informações e esclarecimentos corretos, diz-se entre os leigos que essa cerimônia é para despachar Exu, porém isso não é verdade, pois nesta hora apenas colocamos Exu como guardião e mensageiro para avisar aos Orixás que estaremos precisando de suas presenças no Ayê.

Um toque se divide em o IPADE propriamente dito, O XIRÊ e o RUM.

Nesse ritual são também invocados as Yamis, Exu Ale etc. Ojixé leva o recado aos Orixás que o Ayê (mundo físico, o homem)está solicitando sua presença.

Na segunda parte no XIRÊ ( que significa em Português BRINCAR ) o homem começa a "brincar", ou seja cantar de um modo mais descontraído, nesta hora os Orixás ainda estão sendo avisado que eles serão reverenciados.

Por fim e ultima parte temos o RUM DOS ORIXÁS nesta os orixás "tomam" seus filhos e começam seus festejos, através dos atos em suas danças contando suas lendas, suas proezas e nos ensinando a sobrevivência.

Para quem teve a oportunidade de assistir O BALÉ DOS ORIXÁS (transmitido pelo Canal 2 TV Educativa, do Rio de Janeiro), peça que foi baseada em obras de grandes pesquisadores, o Padê ou Ipadê seria uma cerimônia alheia aos assistentes, ou seja, feita antes de começar a chegarem as pessoas de fora.
Consistiria de uma ADAGAN e uma SIDAGAN (mulheres com cargo para esse fim) uma quarta de água e um oberó com farofa de dendê (chamado de PADE), isso tudo precedido por um sacrifício de um frango na casa de Exu. Com um adjá começaria a evocar exu.

UMA CANTIGA/ORIKI DE EVOCAÇÃO NO IPADÊ
A primeira que evoca os ajés seria apenas com uma reza:
EXU A JUO MO MO
KI WO
LAROYE EXU A JU O MO MO
KI WO ODARÁ EXU AWO

E terminaria com a seguinte cantiga

BARA JO BO TON
BARA UN LE
BARA JO BO TON
BARA UN LÓ

SIGNIFICADO DOS ELEMENTOS NO IPADE OFERECIDO À EXÚ
No Ipadê é oferecido a Exu:
OMI (água): que é a oferenda por excelência
I EFUN (farinha): caracteriza abundância
EPÔ (dendê): poder de gestação, ação
OTÍ (cachaça): bebida destilada de sua preferência
OYIN (mel): beleza, energia
AKAÇA: pasta feita com milho branco, enrolado na folha de bananeira (alternativo), é
feito ao por do sol.

http://ocandomble.wordpress.com/2008/07/02/o-ipade-de-exu/
http://www.guardioesdaluz.com.br/ketudois.htm