sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Omolu e Iemanjá

Omolu foi salvo por Yemanjá quando sua mãe, Nana Burucu, ao vê-lo doente,

coberto de chagas, purulento, abandonou-o numa gruta perto da praia. Yemanjá recolheu Omolu e o lavou com a água do mar. O sal da água secou suas feridas.

Omolu tornou-se um homem vigoroso, mas ainda carregava as cicatrizes, as marcas feias da varíola. Yemanjá confeccionou para ele uma roupa toda de ráfia.

E com ela ele escondia as marcas de suas doenças.

Ele era um homem poderoso. Andava pelas aldeias e por onde passava deixava um rastro ora de cura, ora de saúde, ora de doença. Mas continuava sendo um homem pobre.

Yemanjá não se conformava com a pobreza do filho adotivo.

Ela pensou: “Se eu dei a ele a cura, a saúde, não posso deixar que seja sempre um homem pobre”. Ficou imaginando quais riquezas poderia dar a ele.

Yemanjá era a dona da pesca, tinha os peixes, os polvos, os caramujos, as conchas, os corais. Tudo aquilo que dava vida ao oceano pertencia a sua mãe, Olocum, e ela dera tudo a Yemanjá.

Yemanjá resolveu então ver suas jóias. Tinha algumas, mas enfeitava-se mesmo era com algas. Ela enfeitava-se com a água do mar, vestia-se de espuma.

Ela adornava-se com o reflexo da Lua. Mas Yemanjá tinha uma grande riqueza e essa riqueza eram as pérolas, que as ostras fabricavam para ela.

Yemanjá muito contente com a sua lembrança chamou Omolu e disse: “De hoje em diante, és tu quem cuidas das pérolas do mar. Serás assim chamado de Jeholu, o Senhor das Pérolas”.

Por isso as pérolas pertencem a Omolu. Por baixo de sua roupa de ráfia, enfeitando seu corpo marcado de chagas, Omolu ostenta colares e mais colares de pérolas, belíssimos colares.