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POR AMOR AOS ORIXÁS - ANO III

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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

ORIKI E XIRÉ PARA EXÚ

ORIKI

Exu Oro

Exu Oro é o responsável pela transmissão do poder através da (ala. Ele é quem d á para os sacerdotes e sacerdotisas o poder de acionar as força espirituais através das evocações sagradas: preces , encantações , cânticos . Existem algumas palavras de grande axé usadas nos rituais sagrados que muitas vezes não se conhece a tradução. Elas funcionam como códigos para abrir certos portais do mundo Invisível (ORUN), acionando o poder para transformar nossas vidas. Somente Exu Oro conhece estes segredos, e somente ele pode dar a autorização necessária para entrarmos nestes mistérios.

Oriki : Exu Oro ma ni ko. Ex u Oro ma ja ko. Exu Oro Tohun tire site. Exu Oro Ohun Otohun ni ima wa kiri. Axé .

Tradução; O Divino Mensageiro do Poder da Palavra causa confronto. Divino Mensageiro do Poder da Palavra n ã o me cause confronto. O Divino Mensageiro do Poder da Palavra tem a voz do poder. O Divino Mensageiro do Poder da Palavra tem uma voz que ressoa por todo o Universo.

Que assim seja (axé).

Exu Opin

É o Exu que deve ser evocado sempre que queremos estabelecer um local como sagrado. É ele quem faz a demarca çã o dos limites que separam o espaço sacratizado do espaço comum. Fazem-se uma construção qualquer e nela queremos instalar os nossos assentamentos de Orix á s, al é m de evocar o exu do nosso caminho pessoal ser á necessário pedir a Exu Opin que aceite uma oferenda para consagrar o lugar. A partir daquele local deve passar a ser usado exclusivamente para fins rel i g i oso, e deve haver uma separação bem n í tida entre este espaço e o espa ç o livre para a circula çã o. No caso de se colocar, por exemplo, um assentamento dentro de casa, é aconselhável colocá-lo sobre uma esteira e, se poss í vel cercar com vota com uma outra esteira. Sempre pedindo a exu Opin para sacratizar o ambiente, n ã o importa a localiza ção ou tamanho. Isto é válido, também, para os ambientes ritualísticos estabelecidos ao ar Iivre.

Exú GOGO

Este caminho de Exu quatro o *Divino Executor*. É conhecido tamb é m como o Ex u respons á vel peta recompensa divina a todos os atos dos seres humanos (e tamb é m dos seres espirituais). Exu Gog ó conhece todas as nossas reencarna çõ es • estende sua a çã o atrav é s destes diversos ciclos encarnat ó rios. Aquilo que costumamos chamar lei do retomo é exatamente a função do exú Gogó fazer este retorno acontecer: O bem recompensado com o bem; o mal recompensado com o mal. Dentro destas atribui çõ es de cobran ç a espiritual e material encontra-se sempre a chance de todos se arrependerem, pagarem por seus erros e tomarem um outro ritmo de vida. Quando Isto não acontece numa vida, poder á ser resgatado numa próxima encarnação.

Oriki

EXÚ GOG Ó O, ORI MI MA JE NKO O. EX Ú GOGO O, OR Í MA JE NKO O. EB LOWO RE GOGO? O OKAN LOWO EX Ú GOG Ó BABA AWO. AXÉ.

Tradução

Divino Mensageiro do Pleno Pagamento, guie minha cabe ç a para o pelo caminho. Divino Mensageiro do Pleno Pagamento guie minha cabe ç a para o reto caminho. Quanto tu estas pedindo para o Divino Mensageiro do Pleno Pagamento? O Divino Mensageiro do Pleno Pagamento, o Pai do Mistério, está pedindo por um centavo. Que assim seja.

Exú

Ele é o exú que controla os relacionamentos Interpessoais. Ou seja: amizade, sociedade de negados, casamento, companheirismo de trabalho, vinculo familiar, fraternidade religiosa... Enfim, todos os tipos de relacionamentos s ó possuem um estado de plena compreensão, harmonia e verdadeira colabora çã o quando aprovados por EXÚ WARA. Sempre que se planeja estabelecer um novo vinculo é aconselhável consular Exú Wara e, de preferência, fazer-l he uma oferenda de apaziguamento, para que tudo possa ocorrer sempre na mais perfeita ordem, sem possibilidades de atrito, confusão, mal-entendidos, etc...

Oriki de Exu

EXÚ WARA NA WA O. EXÚ WARA O. EXÚ WARA NA WA KO MI O, EXÚ WARA O. BA MI WA IYAWO O, EXÚ WARA O. MA JE ORI MI O BAJE O, EX Ú WARA O. ME JE ILE MI O DARU. EXÚ WARA O, AXÉ.

Tradução: Divino Mensageiro dos Relacionamentos Pessoais traga a boa fortuna. Divino Mensageiro dos relacionamentos pessoais. Divino Mensageiro dos Relacionamentos Pessoais.


XIRÉ
ÈSÙ
Laaróyè Èsù! (Nos dê entendimento sobre a vida, Exu)

Egba rà bó ago mojuba rà (Tenho fé e peço licença para louva-lo em minha casa)
Egba Kose (Tenho fé, amém.)
Egba rà bó ago mojuba rà (Tenho fé e peço licença para louva-lo em minha casa)
E mó dé ko e ko (Nossa casa está limpa. Proteja a nossa terra)
Egba rà bó ago mojuba rà (Tenho fé e peço licença para louva-lo em minha casa)
Lè gbálè èsù loná (Seu poder exu, limpa o caminho)

Egba rà um be be (Minha fé me alimenta, peço, peço)
Tiriri Lona (Tiriri – Valoroso / Lona – no caminho = Exu que no dá coisas no caminho)
Esú Tiriri
Egba rà um be be
Tiriri Lona
Èsù Tiriri
Elegbara (Bis) (Homem da rua)
Èsù Ajo (Exu da jornada)
A ma ma (Nós sempre, sempre)
Ke o Elegbara (Pedimos a ti Elegbara)
Èsù Ajo (Exu da jornada)
A ma ma
Ke o laaròyè (Clamamos que nos dê compreensão)
Èsù Soroke (Exu que fala alto)
O dara o dara (Ele é justo, ele é justo)
Ba bá ebó (Ajude-nos, acompanhe-nos)
Esú O (Ele é Exú)
Esú Olona (dono da estrada)
Mó forí Gbále (Limpe o que é ruim, varra)
Esú O
Gba rá Lò jí ki (Com minha fé lhe cumprimento)
Esú Lò bi wa (Exu venha até nós)
Ara e e (Faça-se presente)
So so Obé (Fala, fala na faca)
Odara kolobi ebó (Ele é justo e ensina-nos a renascer no ebó)
Laaròyé (Dê-nos compreensão)
Àgiri Esú ma na (Exu está presente no nascer da aurora)
Le lè àgiri (Ele tem força e poder na aurora)
Àjé ma na (Seu feitiço está presente)
Le lè àgiri (Força e poder na aurora)
Fí rò ófè na (Seu assobio é o primeiro a ser ouvido)
Fé na jò (Se manifeste)
Àgiri (na aurora)
Orisa pa ta (Orixá que nos acode mas pode nos matar)
Ago nilé (A humanidade em suas casas pedem auxílio)
Ago nilé mó forí gbále (Livre a humanidade do que é ruim, varra)
Gbà-là ló jù gbà-là (Salve-nos, busque a nossa salvação)
Ló jù gbà-là (Busque a nossa salvação)
Ará legbé (Fique por perto)
Ògó Rum Gò (Te louvamos com o tambor para que não se confunda)
Rum gò (O tambor é inconfundível)
Laaròyé (Dê-nos compreensão).

Ba pàdé olà na e (Esta oferenda servida em prato de barro é para que nos ajude e não nos castigue)
Mojúbà ójisè (Salve exu, o mensageiro)
Àwa se àwo (Alimente-se em nossa casa de santo)
Mojúbá ójisè (Salve exu, o mensageiro)

Elégbára Rewá (Elegbara é bonito)
Àwa se àwo (Alimente-se em nossa casa de santo)

A ji ki rè mi èsù (Nós te acordamos para lhe felicitar, meu exu)
Èsù ka bi, ka bí (Exú que nos acompanha desde o nascimento)


Elégbára Èsù (Elegbara exu que mora no caminho)
Osá rere rere (Nós lhe convidamos)
O ké Sá bára èsù (Nós te chamamos, bom amigo)
O Sá rere rere (Nós lhe convidamos)

Elégbára, elégbara èsù ará ye (Exu Elegbara, exu que mora no caminho)
Elégbára, elégbara èsù ará ye (Exu Elegbara, exu que mora no caminho)

O wá lè se ìlàjà ba àwo (Ele vem com seu poder nos ajudar a harmonizar)
Lè só ri am-nó ìlèkùn (Com seu poder tome conta da nossa entrada)

Èsù a jùmò ma ma ké o (Exu, nós sempre lhe chamamos)
O dara (Você é justo)
Laaróyè èsù (Dê-nos compreensão)
A jùmò ma ma ké o o (Nós sempre lhe chamamos)
O dara èsù àwo (Você é justo exu, nós te alimentamos)

O dara. Lò sóro (Ele é justo. Ouça sua voz)
O dara. Lò sóro loná ( Ele é justo. Ouça a sua voz durante a caminhada)

O di se bá lè pón a o o (Retorne para nos encontrar e nos fortalecer)
O dara. Bá lè só bá (Ele é justo. Ele toma conta e seu poder nos fortalece)

Kòna wù rè já rè o (Te agradamos na encruzilhada, levante-se)
Èsù loná (Exu da rua)

Ajé ba lè a ká ra wó (Este sangue de animal que será derramado aqui é para nos ajudar)
Èsù Soroke

Èsù sórò sórò (Exu, venha participar do culto)
Ajé ba lè a ká ra wó (Este sangue de animal que será derramado aqui é para nos ajudar)

Èsù só Soroke (Exu Soroke tome conta)
Elégbára lè ba àwo (Elegbára, seu poder nos ajuda)
Èsù só Soroke (Exu Soroke tome conta)
Èsù só Soroke ki awo (Exu Soroke tome conta. Nós te cumprimentamos)

Elégbára Vodun
Adja ke de ke de (Tocamos o adja bem alto para lhe chamar)

Èsù lè ba o (Exu, buscamos o seu poder)
Odún lè ba o (Está na hora de usar o seu poder



http://paitandy.no.comunidades.net/index.php?pagina=1762762914

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O JEJE DA ÁFRICA AO BRASIL

A história do desenvolvimento do império crescente do Dahomey é indispensável para compreendermos os Voduns, precisamente a quebra e a migração do Ewe/Fon.
Alguns estudiosos da cultura africana achavam que todos os Voduns cultuados em Dahomey eram DIVINDADES originárias dos yorubanos. Um grande equívoco!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

XANGÔ E O CULTO AOS EGUNGUNS

Xangô é o fundador do culto aos Eguns, somente ele tem o poder de controlá-los, como diz um trecho de um Itã:

"Em um dia muito importante, em que os homens estavam prestando culto aos ancestrais, com Xangô a frente, as Iyámi Ajé fizeram roupas iguais as de Egungun, vestiram-na e tentaram assustar os homens que participavam do culto, todos correram mas Xangô não o fez, ficou e as enfrentou desafiando os supostos espíritos.

As Iyámis ficaram furiosas com Xangô e juraram vingança, em um certo momento em que Xangô estava distraído atendendo seus súditos, sua filha brincava alegremente, subiu em um pé de Obi, e foi aí que as Iyámis Ajé atacaram, derrubaram a Adubaiyni filha de Xangô que ele mais adorava.

Xangô ficou desesperado, não conseguia mais governar seu reino que até então era muito próspero, foi até Orunmilá, que lhe disse que Iyami é quem havia matado sua filha, Xangô quiz saber o que poderia fazer para ver sua filha só mais uma vez, e Orunmilá lhe disse para fazer oferendas ao Orixá Iku (Oniborun), o guardião da entrada do mundo dos mortos, assim Xangô fez, seguindo a risca os preceitos de Orunmilá.

Xangô conseguiu rever sua filha e pegou para sí o controle absoluto dos mistérios de Egungun (ancestrais), estando agora sob domínio dos homens este culto e as vestimentas dos Eguns, e se tornando estritamente proibida a participação de mulheres neste culto, caso essa regra seja desrespeitada provocará a ira de Olorun.
Xangô , Iku e dos próprios Eguns, este foi o preço que as mulheres tiveram que pagar pela maldade de suas ancestrais."

http://obakeloje.webs.com/exueancestralidade.htm

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A HISTÓRIA DO ORIXÁ JAGUN

Jagun Orixá Agbará Esé Egi Iroko

Segundo as lendas e itans, conta-se que Jagun, era Guerreiro dos Exércitos de Obatalá e que foi enviado às Terras de Omolú para lutar pela páz em nome de Oxalá. Por isso, ele é cultuado em algumas nações como “Qualidade de Omolú”, por ter passado vários anos em terras de Omolú. Trata-se de um Orixá Funfun, pois o culto a Jagun nasceu no Ekiti Efon, por esse motivo Jagun é cultuado no Axé Efon como um Orixá separado de Omolú. Antes dele ter ido para as terras de Omolú já existia seu culto no Ekiti, onde era sua terra natal. Assim também conta seus itans que Jagun teve passagem não só nas terras de Omolú, mas também nas terras de Ifé (Terra de Ogun) e Elegibô (Terra de Osayan). Pela ordem do meridilogun, Jagun responde no Odú Ejionilê (oitavo Odu) Odú regido por Oxaguiã, Odú no qual também respondem outros Guerreiros Brancos como Ogun-Já e Oxaguiã Ajagunãn. Pela ordem de chegada dos odus, o culto a Jagun nasceu no Odu Okaran.

Os filhos de Jágun, tem aparência jovem, são autoritários, arrogantes, guerreiros, justiceiros, briguentos e agitados, fortes na adversidade, costumam fazer tudo à sua maneira, ouvem conselhos dos outros, mas costumam seguir sua própria vontade…São pessoas trabalhadoras, gostam de tudo rápido, exigem asseio, limpeza; são pessoas impulsivas; pessoas de espírito livre; enjoam de tudo facilmente; são dados a paixões violentas e passageiras, são curiosos, adoram viajar. Possuem grande proteção espiritual, boas amizades e, quase sempre, caminhos abertos. Possuem comportamento delicado, são honestas, dedicadas e atenciosas. Vivem com grandes esperanças, estão sempre apaixonadas, são sonhadoras, sofrem e se desdobram para ajudar e defender os amigos. Quando são repudiados ou sofrem algum tipo de traíção podem se tornar extremamente vingativas e amargas. Apesar de serem guerreiras e obstinadas, as pessoas de Jágun, às vezes se isolam preferindo ambientes calmos e tranquilos. A personalidade dos filhos de Jágun é um misto de caracteristicas de Ogun, Omolú e Oxaguiã.

Jágun, é uma palavra Yorubá, e significa: Guerreiro, Soldado.

Jagun é um Orixá ambicioso, luta para conquistar posição alta sem ver de que maneira…Apesar de ser Orixá Funfun (branco), é considerado e cultuado como Santo de Guerra, “santo quente”, carrega uma lança prateada na mão e um facão ao adaga e muitas das vezes dependendo do caminho de Jagun ele usa até um ofá nas mãos,pois conta se um itan que Oxalá o nomeia como o guerreiro de todas as armas veste-se somente de branco. Usa contas brancas rajadas de preto e dependendo da qualidade, intercalada com contas brancas, gosta também de contas feitas de buzios e marfin. Jágun é Orixá Jovem,quase chega ser um menino adolecente de Obatalá .. Ligado a Obatalá (Rei no pano branco ), tem caminhos com Ogun Já, Oxaguiã – Ajagunãn, e Ayrá. Tem caminhos também com Yemanjá e quase todas as Yabás, pois elas acalmam sua fúria.Quem traz Jágun ao barracão é Oxaguiã. Ele é considerado o “protetor” e “guardião” de Oxalufã. Carrega consigo o Odú Ejionilê. Por ser considerado Orixá Funfun (branco) não leva azeite de dendê, e sim azeite doce , banha de ori, adin e as vezes mel e de preferencia a banha de Ori, suas comidas são todas brancas, aceita pipocas feitas na areia, bolas de inhame cozido, bolas de arroz, acaçá, obí funfun (claro), come também do Ebô (canjica) de Oxalá, assim como seus bichos também devem ser todos brancos, por ser ligado ao rei do pano branco (Obatalá ). Jágun dança com outros Orixás, acompanha na dança; Ogun e principalmente Oxaguiã e Oxalufã. A dança de Jágun é extremamente guerreira, começa com movimentos lentos, dança empunhando sua lança e adaga, seu momento de “êxtase” é quando salta e se sacode todo empunhando a lança de um lado para outro, tamanha é sua fúria guerreira nessa hora. Segundo as lendas, a lança prateada de Jágun, durante as batalhas e guerras, além de ser usada para proteção contra os males e feitiçarias e abrir os caminhos, deixava seus inimigos cegos após serem feridos por ela. Jagun, assim como Ogun, é um grande caçador, e por sinal foi ele quem ensinou seu irmão Oxóssi a caçar. Ele nao deixa também de ser um guerreiro, assim é Jagun, um grande guerreiro mas também um grande caçador. E algumas de suas cantigas relatam isso.

Conta o itan de Ogi-Ogbé/Okaran que existiam três irmãos: Já, Jágun e Ajagunãn. Eram três Guerreiros que pertenciam aos exércitos de Obatalá, lutavam e venciam todas as guerras e batalhas em nome de Oxalá e eram os Guardiões deste Orixá. Eram chamados de Guerreiros Brancos, por se vestirem somente com trajes brancos em homenagem a Obatalá. Eram considerados invencíveis, por sua bravura e coragem, nunca perderam uma batalha sequer. Sempre muito unidos, nunca se separavam. Mas um belo dia, os três irmãos guerreiros, foram guerrear contra a cidade de Oxun. Oxun com a grande sabedoria dos poderes de Ya mi, foi avisada que seu reino seria atacado. Oxun ficou desesperada e foi até Ifá para saber o que faria. Orumila mandou ela fazer um ebó, sacrificar oito Igbis à Oxalá e com o casco fizesse um pó e soprasse nas terras de Osogbo. Assim Oxun fez, quando os guerreiros chegaram para invadirem as terras, eles ficaram tontos e se perderam um do outro. Aí que Jagun foi para as terras de Omolú, Já para as terras de Ifé Ogun, e Ajagunã para as terras de Oxagyan. Mas mesmo assim, os três irmãos sempre estão juntos, respondem um pelo outro, eles continuam a ser Guerreiros Brancos, ou seja, são considerados Orixás Funfun, e sempre ligados a Obatalá, seus caminhos se cruzam…os três irmãos Guerreiros continuam nas batalhas, sempre guerreando pela Páz. Deram essa característica guerreira aos seus filhos. É por isso que o culto a Jagun foi assimilado ao de Omolú, sendo que depois disso conta o Itan que ele viveu alguns anos nas terras de Omolú e que lá encontrou uma linda mulher que também nao era das terras, mas estava lá por outros motivos, e se apaixonou por ela, tiveram filhos e se amam até hoje, e essa linda mulher era Yewá . Lá, ele se juntou com o Orixá Osayn e passou a ser um grande curandeiro, e em tempos de guerra ele cuidava dos guerreiros feridos com as porções e ervas mágicas que Osayn o ensinou. Jagun teve uma trajetória muito grande e bonita nas terras de Omolú, mas depois de anos retornou as terras do Ekiti-Efon, onde Oxun era rainha e Osagyan grande gurreiro e protetor do palácio e cidade de Oxun. Conta-se também que Jagun foi às terras de Osogbo, para destruir a cidade e buscar Oxun, pois Oxun tinha sua cidade onde era rainha Ekiti Efon, entao por ordem de Olooke ele fui buscá-la. Depois disso tudo ter acontecido, Jagun viveu anos nas terras de Omolu, Oxagyan trouxe Oxun de volta para Ekiti-Efon, por isso muitos acabaram se equivocando ao falar que foi Oxagyan quem deu as terras de Ekiti para Oxun, mas nao foi isso que aconteceu, ele apenas trouxe Oxun de volta a terra onde ela nasceu e era dona junto com Olooke seu pai. Orixá Olooke vendo o prejuizo que Jagun teve e o tempo que ficou em outras terras, por causa de seu pedido de buscar Oxun, intitulou Jagun Olu Efon (Guerreiro senhor de Efon), para retribuir o tempo que Jagun ficou afastado de sua terra que tanto amava (Ekiti – Efan). Orixá Jagun foi muito confundido com o culto à Omolu e Obaluaye, e foi por esse motivo que muitos de seus fundamentos se perderam, mas graças a Olorum e ao Axé Efón, está sendo resgatado todos os preceitos e orôs..Jagun possui caminhos próprios, como Jagun Odé, Arawe, Agaba e outros..Jagun um Orixá exclusivo do axé Efon, mas que foi migrado para as terras de Gege Mahí e Ketú….Jagun é um lindo Orixá de grande valor no Axé Efón, lembrando que o culto à Jagun no Efón (efan) é separado de Obaluaye….

Aqui vamos relacionar alguns caminhos de Jagun ...

Jagun Arawê, ligado a Ossayn e Oxaguian

Jagun Igbonan, ligado a Ayrá,Oya e Obá

Jagun Algbá, ligado a Exú, Oxaguian, Oxalufan e Oxun Yeye Ayalá

Jagun Odé, ligado a Odé Inlé, Ogun Jáe todos os caçadores

Jagun Agbá funfun, ligado a Oxalufan, Iyemanjá e Oxun

Jagun Seji Onan ou Ajoji, ligado a Exu e Ogun

Suas folhas: Akoko, algodão, saiao fortuna. folha de obi, folhas de iroko , folhas oguegue e todos folhas de Oxalá…

Orins T’Jagun :
(cantigas de Jagun)

Jagun Abagbá Jagun Abgbá

Arawrá ae

Arwrá ae

********************

Já,Ajagun,Ajagunan

Pele já ae

Ja, Ajagun, Ajagunan

Pele já ae

*****************

Jagun Olu Efón

Jagun Olu Efón´

Jagun Efón Jagun Efón

***********************

Awure Babá Jagun

Awure Babá Ajagun o

Bom, coloquei aqui apenas um leve conhecimento do culto à Jagun cultivado em meu Axé, espero que gostem!!! Abraços à todos..

Babá Ajagun Odé Awure

http://www.olorum.org/efon/a-historia-do-orixa-jagun

domingo, 13 de fevereiro de 2011

QUEM VAI SALVAR OYÁ DO FOGO

POR
Vilson Caetano de Sousa Júnior, Antropólogo, Doutor em Ciênciais Sociais pela PUC-SP e Pós Doutor em Antropologia pela UNESP. Membro do Centro Atabaque de Cultura Negra e Teologia, Grupo de reflexão inter-disciplinar sobre Teologia e cultura fundado no início dos anos 90 em São Paulo. O Grupo esta vinculado ao Programa de Teologia e Culturas Afro-Americanas da Associação dos Teólogos do Terceiro Mundo.Seu trabalho visa fortalecer a identidade negra e ajudar no combate ao racismo.


INÃ KI JOYA


Vamos começar o texto desta semana de forma bem imperativa: Oyá é água.

Ela é o rio Níger que corta com suas águas escuras vários Estados que atualmente compõem a Nigéria.

Assim conta-se a sua origem:
 História semelhante vamos encontrar para dar explicação ao culto do Orixá Oxun no rio que leva o mesmo nome e atravessa Oxogbo e até mesmo o culto a Yemanjá na cidade de Abeokutá.
Após vários dias cercado por inimigos, o rei de Ijebu consultou os ancestrais e estes determinaram que uma oferenda deveria ser feita: “Um pano escuro deveria ser rasgado por uma virgem.”
O rei escolheu a sua própria filha e após alguns procedimentos lhe entregou o pano que assim que era rasgado, as tiras que caiam iam transformando-se em correntes de água que juntando-se formaram o rio Niger, rodeando o reino de Ijebu que a partir de tal episódio passou a ser uma ilha circundada pelas águas chamadas de Oyá.


Retomar essa história que até já foi registrada no trabalho de Siriku Salamim King intitulado: Os orixás africanos, publicado pela editora Oduduwa é muito importante num momento em que tal ancestral enfrenta uma acelerada mudança de concepção.

Se é verdade como sugeriu Roger Bastide que a escravidão impões às religiões trazidas pelos africanos a seleção dos ancestrais cultuados no Brasil, ora reforçando algumas características, resultando o desaparecimento ou o fortalecimento de outros, é digno de nota também que na atualidade, a representação desses ancestrais recebem “acréscimos” que na maioria das vezes visam atender as expectativas da “modernidade”, da “globalização”e da demanda turística.

Se no início, os missionários católicos, juntamente com os traficantes tiveram participação na construção de algumas concepções confusas sobre alguns ancestrais, na atualidade isso fica por conta particularmente dos antropólogos ou outros simpatizantes que se antes haviam confundido os ancestrais com “deuses divinizados”, agora os tratam como “arquétipos universais”, uma espécie de tipologia, imagem, resumindo “formas de classificação.”

Se por um lado isso atrai um público que ver as religiões afro-brasileiras como algo que vai além da preservação e afirmação dos elementos negro-africanos, tal fato não deixa de causar danos às matrizes culturais que formaram estas religiões.

No caso de Oyá, as imagens oscilam entre a sensualidade, reduzida à sexualidade e à vulgaridade, depravação, estereótipos que desde cedo acompanharam a mulher negra.

Não sei em que momento padronizou-se que a cor de Oyá é o vermelho. Venho insistido que orixá não tem cor, exceto para os órgãos de Turismo que atualmente vêem organizando festas religiosas na cidade de Salvador.

Gilberto Freyre, por exemplo, nos vai informar o significado do uso do “encarnado” para a cultura portuguesa e espanhola.
Era a cor das paixões, da atração, que inflamava os corações, utilizada pelas cortesãs no século XVI.
O vermelho também era utilizado na prevenção ou combate de algumas enfermidades.
Diferentemente, a “cor de coral”, remete à terra, representada pelo cobre ou outros metais.
Fato é que esse apelo a sensualidade no orixá Oyá, acontece em detrimento da retirada desta de Orixás como Oxun e Yemanjá, ancestrais guerreiros que graças à sua aproximação com imagens tomadas emprestadas do Cristianismo, perdem também as suas características.
Certa ocasião presenciei a comparação entre Oyá e a deusa romana Diana, caçadora, guerreira, que possuía várias formas.

Lhe chamei a atenção afirmando que “Oyá ficaria mais contente” se fosse comparada a Isis, a deusa africana da imortalidade, que emprestou à Imaculada Conceição o título de Mater Dei , mãe de Deus.

Assim como Mitra, o Deus Sol, celebrado no dia 25 de dezembro cedeu lugar para os cristãos comemorarem no seu dia, o nascimento de Jesus.

Oyá é de fato, o ancestral da imortalidade.
Como Isis, ela é responsável pela continuidade da vida.
Se compararmos os dois mitos, Isis através dos bálsamos e perfumes garante a continuidade da vida através da mumificação e Oyá, da mesma maneira reunindo os pertences de seu pai, o velho caçador, após vários dias de festa, garante a sua memória.
Mais uma vez o seu elemento é água, pois elas garantem a continuidade.
Como Isis, que ajuda-nos na travessia sobre o mundo dos mortos, Oyá leva como vento o último suspiro de cada um de nós, entregando-o a Olodumaré. Além disso, ela espalha as sementes como a borboleta que distribui o pólen entre as flores, misturando as cores, mantendo a vida.
Oyá relaciona-se diretamente com os olhos, os mesmos que nos separa do mundo dos antepassados.
Destes apenas podemos enxergar tiras de pano que balançam graças à força emprestada por Oyá.

Esse fato é lembrado num mito que conta que certa ocasião, o povo do Dahomé, ou povo da cobra, marchou contra o seu reino a fim de destruí-lo. Em pleno dia claro, Oya apareceu toda vestida de cobre e o reflexo do sol sobre suas vestes foi de tal maneira que cegou o exercito e o fez recuar.

Oyá liga-se ao mercado.
Ela é o principio ancestral da troca, da moeda.
Esta característica é evocada em vários mitos onde ela aparece como uma búfala ou um leopardo.
Certamente por este motivo desde cedo africanos e africanas lhe evocou no momento das vendas.
Oya, na verdade, surge de várias formas.
Ela está em todos os lugares, daí um de seus títulos:
Ya mesan Orun, Aquela que está em todos os espaços que nossos olhos não alcançam.

Mas como o elemento fogo aparece ligado a Oya?
Ora, tal elemento reveste-se de significado particular nas civilizações mais antigas.
Enquanto as águas remetem à continuidade, o fogo diz respeito à transformação, mudança, movimento.

Inã, fogo, é atributo por excelência do Orixá Exu.

Como lembra o provérbio: “Um corpo que possui calor esta vivo, quando ele esfria está morto.”
Já tivemos a oportunidade de explicar como Exu “anima” o corpo.
Izô são as chamas, labaredas.
Esfregando uma pedra na outra, ou dois gravetos, temos a faísca.
Em seguida, abanando, por exemplo, temos as labaredas.
Izô significa encontro, disputa, tudo que a fogueira, o fogareiro, o fogão de lenha, o moquém representou para a humanidade.

Há apenas um mito onde aparece a relação de Oyá com o fogo, 
Trata-se da história que fala que Xangô pediu a Oyá que fosse à terra dos Baribas buscar algo que faria todos os reinos dobrar-se diante de sua presença. Porém, Oyá não deveria abrir a encomenda.
Assim Oyá fez.
Retornando, todavia, diante da recomendação de seu esposo, Oya abriu a caixa e provou a “fórmula mágica” que estava conduzindo.
Ao entregar ao Rei, este se apressou logo em experimentar.
Para sua surpresa, “Oya mal podia abrir a boca pois ela era um fogo só.” Graças a sua “ousadia” todos os reinos estavam salvos, pois passariam a dividir com o Rei o principio da transformação.
Conta-se ainda que Xangô, não satisfeito com este feito, procurou o local mais alto do reino e começou a manipular a fórmula trazida por Oyá.
Fogo, então, passou a descer do céu como chuva, sob a forma de meteoros e raios, incendiando Oyó.
Após o desaparecimento do Rei, as lágrimas de Oyá deram origem ao rio onde hoje ela é cultuada.

Com isso, encerramos nosso texto explicando que o título:
Quem vai salvar Oyá do fogo
é uma provocação para que reflitamos sobre como estamos nos apropriando das imagens produzidas ora pela academia, ora pela mídia.
A descaracterização do Orixá Oyá é apenas um exemplo.
Este tem me incomodado muito.

Salvar do fogo significa procurar ir além das leituras que reduzem este orixá a tal elemento, afinal, “o fogo não queima Oyá, Inã ki joya.
Não queimou na presença de Xangô, não queimou quando as labaredas desceram do céu contra o seu reino porque ela é água, é continuidade, garantida pela boca que comeu o fogo como Exu que comeu tudo e depois devolveu as coisas, agora, cheias desse principio divino transformador.
Epa hei!!!!!

CENTRO ATABAQUE DE CULTURA NEGRA E TEOLOGIA
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sábado, 12 de fevereiro de 2011

COMIDA DE SANTO E COMIDA DE BRANCO

Embora algumas pessoas reajam à expressão “comida de santo”, aqui ela será tomada como o mesmo que comidas rituais dedicadas nas comunidades terreiros aos nikices, vodus e orixás. Num trabalho publicado em forma de livro intitulado: Banquete Sagrado, notas sobre “os de comer” em terreiros de candomblé, já tive a oportunidade de demonstrar a importância, o papel e o significado das comidas votivas dedicadas aos ancestrais nas comunidades/terreiros. Em linhas gerais, no candomblé, costuma-se dizer que tudo come, recebe alimentos especiais preparados para cada ocasião, comem desde a cumeeira ao chão, este último principalmente. Isso é explicado através da concepção de que nada se mantém vivo sem a comida. Por outro lado, já demonstramos no texto em que abordamos o sacrifício nas religiões de matriz africana que esta comida é ao mesmo tempo, força vital, axé, mas também um contra dom, uma espécie de contra presente que as primeiras civilizações estabeleceram com o Sagrado, pois desde cedo se acreditou que “a fertilidade da terra dependia dos antepassados, tornando-se estes os primeiros seres com os quais as civilizações foram obrigadas a trocar”. Alguns trabalhos já se debruçaram sobre a origem destas comidas rituais que nos terreiros aparecem como africanas, ou de origem africana. Há, todavia outros que insistem ser mesma a base do cardápio servido aos orixás, por exemplo, nacional. A falta de tempo não nos permite entrar neste debate, o que já nos ocupamos no trabalho citado anteriormente, mas gosto sempre de afirmar que o que torna a “comida de santo” africana, é muito menos os ingredientes que entram na sua preparação, mas um conjunto de técnicas transmitidas de forma iniciática e secreta, somadas às visões de mundo evocadas através da comida, os significados, os sentidos, os sentimentos, o Sagrado construído e reconstruído a todo momento a partir da experiência histórica de cada comunidade. Assim, se aceitarmos que esta cozinha ritual é afro-brasileira fugimos ao menos da busca pela pureza e nos tornamos mais abertos para entender a dinâmica do pensamento africano, dinamismo este que permitiu ao lado de permanências africanas no Brasil, recriações e invenções feitas não de forma aleatória, mas fiéis a visões de mundo posta a prova em cada indivíduo na diáspora negra pelo mundo. Já no final do século XIX, autores como Manoel Querino já fazia uma distinção entre as comidas que considerava “puramente africanas”, do “sistema alimentar da Bahia”. É, todavia na década de 30, sobretudo a partir do pensamento de Arthur Ramos que surge uma má interpretação sobre a origem, presença e popularização destas comidas nas ruas, por alguns autores. Ora, o velho Ramos atento as modificações de algumas iguarias afro-brasileiras, sugeriu que nos afamados candomblés ainda podiam ser encontradas comidas de “origem africana” num estado mais original, constatação que acredito valer até hoje. A partir desta idéia alguns autores que lhe seguiram entenderam que a comida comercializada na rua desde finais do século XVIII teria uma origem sagrada. Certa ocasião fui questionado por uma jovem jornalista sobre a relação que existia entre o akarajé vendido pelas nossas tradicionais baianas e o akarajé de Yansã. Seus olhos saltaram quando afirmei que não existe relação nenhuma. Primeiro, porque Yansã não como akarajé, mas akará, bem diferente dos hambúrgueres que encontramos na cidade de Salvador acompanhado com o refrigerante de cola, jé é o verbo comer, expliquei. A jovem, todavia insistiu: “mais antigamente não era uma comida vendida apenas pelas filhas do orixá Oyá?” Lhe desapontei mais uma vez. Antigamente é uma temporalidade que não conheço, depois é bem provável que africanos e africanas, conforme informações do Professor de grego Vilhena no final do século XVIII, vendiam, além de akará, lelê, abará, ekó, ekuru, mungunzá, efó, aberém, mocotó e outras iguarias, ao lado de bebidas como o aluá. Fato é que o akarajé está na moda, foi eleita comida para representar a baianidade, outra construção problemática. Porém não deixei de mencionar a sacralidade do mercado e da arte de mercar que não foi inventada pelos africanos. Para compreendermos isso basta prestarmos atenção à bolsa de valores, ela é imprevisível. Mesmo assim realcei que acumular capital ainda hoje continua sendo um dos maiores desafios para as comunidades terreiros e seus iniciados; para os negros(as) em geral é mais provável que os filhos de alguns orixás ligados ao azeite de dendê tivessem mais “cabeça de venda” para comercializar certas iguarias, o que não é uma regra, como nada é regra geral no candomblé. Eu mesmo conheci na cidade de Cachoeira, uma senhora já falecida, filha de Oxalá que nunca abdicou de suas vestes brancas, que construiu a sua família, formou todos os seus filhos vendendo acarajé. É preciso ter, de fato, “cabeça de venda”, em outras palavras, sair para a rua e voltar com dinheiro para casa. Resumindo, ser empreendedor, fazer freguesia. Embora se tenha esquecido, o mesmo vale para os mingaus, iguarias que ainda hoje resistem nas ruas, contrariando o discurso “higienista”. Verdade é que, africanos e africanas e hoje seus descendentes mercaram tudo que podiam, pois disso dependia a sua economia, a sua sobrevivência, a formação de seus filhos(as), o custeio de um ritual que se pagava durante anos. Verdade é que quando isso era realizado, estes momentos eram atravessados de sacralidade, onde em algumas vezes o sistema de troca tradicional era alternado pelo inspirado nos universos africanos. Mais o que difere a comida de santo das comidas comercializadas nas ruas? Gosto muito da explicação do professor Vivaldo da Costa Lima que sempre lembra: “os santos comem o que os homens comem; apenas estes recebem comidas mais elaboradas.” Assim é diferente um feijão de azeite de um “omolocum” oferecido ao Orixá Oxun, este requer mais atenção no seu preparo, exige pessoas especiais pois varia até a textura dos grãos obtida através do cozimento, sem falar nas palavras de encantamento e orações evocadas antes, durante e na hora do oferecimento ao ancestral. Lembro de um sacerdote que disse: se fosse assim, eu escrevia a nota para o cliente e ele fazia na casa dele. Orixá não tem cardápio, menu, receita. Isso é menos uma preocupação para os chefs, assim não terão que concorrer com a Yabassé, “a velha que cozinha”, sacerdotisa da comida, única autorizada a informar sobre estas. Como sempre são escolhidas entre as que menos falam, a comida sagrada está resguardada . Esclarecida esta parte, vamos falar agora das chamadas “comidas de branco”, o que não é o mesmo no sistema de classificação das coisas comestíveis e não comestíveis do povo de candomblé, “comidas brancas.” Esta última expressão reserva-se às comidas que não levam azeite de dendê. São iguarias votivas que remetem aos primeiros grupos humanos que saíram para povoar a terra. Comidas a base de raízes e grãos, conservadas na forma de farinhas que se transformam em papas, massas e mingaus. A primeira expressão é reservada às comidas do cotidiano, como por exemplo, o tradicional feijão com arroz. As comidas de branco não são novidade nos terreiros de candomblé, ao contrário, estão presente como constitutivas de momentos especiais como o café oferecido em dias festivos, ou na ocasião de rituais fúnebres quando se come aquilo que o morto gostava. A novidade é que estas comidas estão paulitaneamente substituindo as comidas de santo nos dias de festa. Não obstante o bom gosto e requinte que estas comidas são apresentadas ao público, acompanham este fato a reação de algumas pessoas contra as chamadas “comidas de azeite”; ora evocando que fazem mal, ou porque não gostam, sem nenhuma justificativa. Ainda bem que não surgiu a palavra saudável, outra expressão que está em moda. Isso acontece, sobretudo entre os mais jovens. Esse fato abre uma série de questionamentos. Nada contra aos buffets organizados por alguns terreiros, afinal, a máxima de que a comida exibe prestigio, poder e status social vale também para o candomblé. O questionamento está no desaparecimento das comidas de santo em detrimento das comidas de branco. Na maioria das vezes, as primeiras ficam restritas aos orixás “que comem sozinhos”, e acaba fazendo desaparecer rituais realizados no dia seguinte. Será que a popularidade das “comidas de azeite”, em dias como a sexta-feira, ou mesmo a presença dos restaurantes de “comidas típicas” explicaria a não apreciação do gosto pelas comidas de azeite, nos terreiros comidas votivas, por algumas pessoas? Lembro que algumas dessas comidas chamadas baianas eram reservadas à ocasiões especiais como aniversário, por exemplo. Com o tempo foram desaparecendo, tornado-se inicialmente “comidas de pobre” e depois comidas que fazem mal por conta de problemas ou outras “doenças que estão na moda” e que por isso devemos evitá-las antes mesmo de passarmos pelos profissionais de saúde que decidem o que devemos comer, a quantidade e a hora. Refletir sobre este aspecto é interessante pois abre discussões pertinentes a preservação do universo afro-brasileiro legado por homens e mulheres que desafiando o seu tempo deram respostas a partir de suas tradições às situações desafios que foram expostas. Isso não significa dizer que entendemos a tradição como algo imutável, ao contrário, a recriação em alguns momentos se dá não para recompor algo fragmentado, mas para exibir prestígio. Depois do “desaparecimento da pedra de ralar”, sua substituição pelo moinho que depois foi motorizado, seguido do liquidificador e do multiprocessador, que graças aos diferentes cortes conferem as massas texturas diferentes, assistimos algumas comidas rituais sendo feita a partir do refinamento de grãos, oferecidas pelas indústrias de alimentos. Mesma indústria que deu origem ao xarope de milho, um tipo de açúcar que o nosso organismo não é capaz de dissolver, gerando entre outras doenças o diabete melittus tipo II. Mesmo respeitando a frase sábia de uma sacerdotisa que nos disse que “os vodus mudam porque as pessoas mudam”, temos que refletir como as comidas votivas estão dialogando com os ingredientes produzidos por esta indústria que com certeza não os fez para atender a demanda dos orixás. Adoro os buffets nos terreiros, mas é bom ver também a comida dos orixás dividida entre as pessoas. Certa ocasião deparei-me com uma comunidade terreiro que não sabia mais enrolar o akassá, chamado de ekó, tal iguaria representa o corpo, uma porção de massa individualizada na folha de banana. A massa era despejada numa bandeja ou sobre uma pedra de mármore e cortada de forma triangular. Se nós, povo de candomblé ainda não estamos preparados para entender o processo químico que envolve os alimentos durante o seu cozimento, ao menos temos que atentar para o fato de que quando uma comida “desaparece” segue também com ela visões de mundo. Nada contra a introdução nas cozinhas rituais de eletrodomésticos, diálogo que o povo de candomblé já vem fazendo muito bem já há algum tempo. A preocupação maior deve está com fato de que o que vai restar da nossa ancestralidade; o que passaremos e quais histórias contaremos aos nossos filhos quando as comidas de santo ceder lugar de uma vez por todas às comidas de branco? E os ancestrais será que mudarão de gosto?



POR:
CENTRO ATABAQUE DE CULTURA NEGRA E TEOLOGIA
São Paulo, Sao Paulo, Brazil
Vilson Caetano de Sousa Júnior, Antropólogo, Doutor em Ciênciais Sociais pela PUC-SP e Pós Doutor em Antropologia pela UNESP. Membro do Centro Atabaque de Cultura Negra e Teologia, Grupo de reflexão inter-disciplinar sobre Teologia e cultura fundado no início dos anos 90 em São Paulo. O Grupo esta vinculado ao Programa de Teologia e Culturas Afro-Americanas da Associação dos Teólogos do Terceiro Mundo.Seu trabalho visa fortalecer a identidade negra e ajudar no combate ao racismo.
http://vilsoncaetanodesousajunior.blogspot.com/2009/12/comida-de-santo-e-comida-de-branco.html

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ERÚ: TRANSFERENCIA, DESPACHO E TROCA DE ENERGIAS

Antes de tudo, procure falar com um antigo Bàbálòrìsà ou Yálòrìsà, dos velhos tempos de “Batuque”( Batukàjé), e pergunte-lhe o que é “troca de cabeça”, por muitos hoje, também chamado de “troca de vida”.
O nome correto em africano é “Eru” mas, temos três maneiras de dar a definição desta palavra, como sendo:

TAMBOR DE MINA

É a denominação mais difundida das religiões Afro-brasileiras no Maranhão e na Amazônia.
A palavra tambor deriva da importância do instrumento nos rituais de culto.
Mina deriva de negro-Mina de São Jorge da Mina, denominação dada aos escravos procedentes da “costa situada a leste do Castelo de São Jorge da Mina” (Verger,

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

ROUPAS DE SANTO - CANDOMBLÉ -II

……
……



Baiana em Crochê com Bordado Floral e Pano da Costa todo em Crochê

Baiana Crochê Pintura Pano da Costa

Rum de Iansã Bordada em Borboletas


 Rum de Oxum Bordado em Peixes


Rum de Iemanjá Bordado em Fundo do Mar

Rum de Omulu com Aplicação em tecido Rústico

Rum de Iansã com Pintura


Baiana Tecido Aberto Rechilieu Marrom Pano da Costa Crochê

Baiana Entremeio Largo Fita Dourada


 Baiana em Bordado Inglês

Bata

Rum de Orixá linho crochê bordado cheio


Rum de Oxum Bordada 2


Todas as roupas acima são de Marcelo D'Oxum
http://www.marcelodoxum.com.br/

domingo, 6 de fevereiro de 2011

BANHOS CONTRA FEITIÇOS E DOENÇAS PROVOCADAS POR EGUNS

PARA ELIMINAR CARGA NEGATIVA

Para combater influencias negativas em geral
durante 7 sextas feiras tome banho com
sabão-da-costa, o primeiro banho: o de higiene, em seguida use o banho de ervas:
3 galhos de arruda,
3 pedrinhas de sal grosso,
vence-demanda,
erva-de-jurema
benjoim
alecrim
levante.
Não coe e deixe as folhas caírem sobre o corpo, após recolha e os bagaços devem ser colocados em campinho limpo.


BANHO PARA LIVRAR-SE DE DOENÇA PROVOCADA POR EGUM

Material:
2 alguidares
panos de algodão ou gaze
3 pratos brancos
milho para pipoca (150g)
3 pratos brancos novos
1 vela branca
2 velas de 7 dias
500g de milho torrado em panela no fogo médio, esfriar e resevar.
500g de canjica branca cozida em 2 litros de água sem açúcar.
Coar e reservar a água  para depois banhar a pessoa.
Colocar os grãos em tecido fino de algodão branco ou gaze e  passar na pessoa, de cima para baixo, exceto cabeça.
Fazer o mesmo com o milho torrado.

Pasar um pombo do mesmo sexo da pessoa doente , na pessoa e solta-lo com vida .

Os panos com os grãos  são colocados num alguidar e cobertos com outro alguidar emborcado por cima .
Colocar em sua volta formando um triângulo três pratos brancos com pipoca e uma vela acesa no centro do triângulo.
Pedindo saúde à Oxalá e à   Omolú.
A pessoa deverá tomar um banho com sabão da costa e em seguida o de água de canjica da cabeça aos pés.
Após ficar em casa usando roupa branca e só comer alimentos claros por 24 horas (arroz, peixe, leite, queijo branco, clara de ovo, cebola, pão branco, etc)
Deverá manter uma vela de 7 dias para seu Orí (anjo da guarda) e outra para Oxalá em local alto.
E não beber, evitar fumar e não manter relações sexuais.
Deve evitar sair e ambientes sociais profanos.
Deve ainda evitar  pegar sereno ou excesso de sol.

Despachar tudo próximo a um rio.
Pode-se repetir o ebó acima por mais duas vezes.

Serão indicados mais banhos sobre esse tema nas atualizações das postagens

http://www.vetorial.net/~rakaama/ebo-limpeza.htm

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

POMBA GIRA E A PSIQUÊ

O texto abaixo é baseado na corrente Umbandista denominada
"Umbanda Sagrada", fundamentada por Rubens Saraceni.


ORIXÁ POMBA-GIRA, O PODER ESTIMULADOR DE OLORUM

Orixá Pomba-gira, é uma Divindade Unigênita gerada por Deus (Olorum) e manifesta Sua qualidade estimuladora em tudo e em todos.
Deus ao individualizar seu aspecto estimulador gerou uma Divindade Unigênita Chamada Pomba-gira que a partir daí geraria em si e a partir de si toda energia estimuladora de Deus sendo nesse aspecto e qualidade onisciente, onipotente e oniquerente.
Deus é o Todo e Pomba-gira é parte do todo que foi individualizada em seu aspecto estimulador e assim também o é com Ogum que é a individualização de Deus em seu aspecto Ordenador, ordenando tudo e todos na criação, desde o desenvolvimento de uma célula que tem que desenvolver-se de forma ordenada até o desenvolvimento do caráter intimo de cada ser. E assim é com todas as divindades de Deus que gera em si as condições e meios ideais para que os seres gerados por Deus sejam amparados e possam evoluir.

Pomba-gira é também conhecida como trono dos desejos ou senhora regente dos desejos, pois é o atributo que melhor qualifica a energia divina estimuladora gerada por Ela.
A nossa mentalidade e cultura judaico-cristã nos influência a idealizarmos o sentido de desejo como algo voltado somente ao sexo e ao pecado, porem o desejo ou estimulo como energia divina esta relacionada a todos os nossos sentidos e áreas da nossa vida, pois somos estimulados pela Divindade Pomba-gira e vibramos intimamente o desejo de professar uma fé e buscar uma religião que nos proporcione o prazer de vivenciarmos Deus através dela, de vencer na vida e passar por todos obstáculos e dificuldades pertinentes ao nosso dia-dia, de amar ao próximo, de casar e constituir família, Ela também estimula em nós o desejo de buscarmos a retidão de caráter, o equilíbrio, a razão, o conhecimento, a sabedoria ,ou seja, todas as virtudes divinas afastando-nos dos vícios e desestimulando os sentimentos negativos vibrados por nós.

Se formos estimulados no campo da fé, desejaremos buscar uma religião que nos traga a satisfação e o prazer de vibrarmos Deus através das virtudes Divinas, tais como a tolerância, o respeito para com outras religiões e formas de cultos.
Se formos estimulados no campo do conhecimento, desejaremos buscar um estudo, seja ele de fundo religioso ou cientifico que nos agrade, traga-nos a satisfação e o prazer de estarmos estudando algo que nos impulsiona a crescer no sentido de evoluir e assim melhor servir Deus servindo ao próximo.
Então vemos que, Estimulo, Desejo, Satisfação e Prazer, não estão somente ligados ao sexo e sim a todos os sentidos da vida.
Pomba-gira é a força intima ou a mola propulsora que nos impulsiona para cima, sempre que nossos desejos negativos nos arrastam para o fundo dos nossos abismos pessoais.

Enquanto O Orixá Exu
rege o estado externo da criação denominado de Vazio,

Orixá Pomba-gira

rege o estado interno da criação denominado de abismo, ou seja, tudo que se abre para dentro e que se esconde em nosso intimo, tal como, a repressão de sentimentos, por exemplo, o amor reprimido, que se na origem Amor é um sentimento Divino, quando não temos o objeto amado, desvirtuamos esse sentimento divino (Amor) e passamos a internalizar um ódio desmedido pelo alvo de nosso sentimento, a frustração de qualquer desejo almejado por nós, mas que não conquistamos, os traumas psíquicos que se originaram a partir de sentimentos negativos vivenciados por nós alojando-se no mais fundo do nosso intimo, onde somente as Senhoras dos Abismos tem a chave de acesso, pois trabalham no resgate de todos os seres encarnados ou não cuja magoa, frustração e repressão de um sentimento o levaram a quedas intermináveis em seus abismos pessoais abertos em seus íntimos.

As manifestadoras espirituais do Orixá Pomba-gira, lidam com esses aspectos sentimentais como verdadeiras psicólogas e nas suas conversas envolventes, vai despertando cada ser de seu enclausuramento e apatia trazendo-os a realidade da vida e com uma boa gargalhada ensina-os que se a vida é difícil de se viver no entanto é maravilhosa , pois o Criador de tudo e de todos sempre nos faculta a oportunidade de retornarmos onde paramos e nos estimula a continuar a evoluir substituindo o amargor da vida por uma bela taça de champagne (estimulo e desejo de viver) passando a entender que se temos dificuldades no decorrer da nossa evolução, Deus não nos privou das soluções que estavam e sempre estarão em nós mesmos.

Isso tudo esta implícito de forma emblemática nas próprias linhas de trabalhos de Pomba-gira, onde por de traz de seu nome simbólico esta o campo onde atuam, por exemplo, citemos a linha de trabalho denominada
Pomba-gira Maria Molambo da Lixeira, ali esta implícito que os nomes molambo e lixeira é só uma forma simbólica de mostrar o campo de atuação desse mistério, que é os sentimentos negativos de frustração que anularam a vontade de viver das pessoas que passaram a vivenciar esses sentimentos em seus íntimos e desistiram da vida.

Essa Pomba-gira que trabalha com esse mistério, atua desestimulando esse sentimento de anulação total da vida, recolhendo-os em seus campos para que possam ser diluídos e em contrapartida atua com a sua energia estimuladora do amor à vida, despertando o ser de seu recolhimento e estimulando nele o desejo de viver e buscar o seu crescimento espiritual.
Orixá Exu e Orixá Pomba-gira
são Divindades de Deus e não devemos tentar compreende-los segundo nossa concepção de negativo ou ruim, são Divindades de muita luz que apenas lidam com os aspectos negativos dos seres e das criaturas geradas por Deus.

Se estamos positivos, Eles se mostram luminosos e se estamos negativos, ele se mostra segundo ao padrão vibratório negativo ou monocromático, pois não conseguimos enxergar as suas luzes devido ao nosso estado intimo, ou seja, em espírito o padrão de visão é outro, pois se na matéria enxergamos algo devido a luz que esse algo emite, em espírito enxergamos a luz de algo a partir de nosso padrão vibratório intimo positivo, pois caso estejamos intimamente negativo, tudo se-nos mostra escuro e ausente de Deus que é Luz Pura.

Fonte: http://www.webartigos.com/authors/25580/Pablo-Araujo-de-Carvalho

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A AJUDA DE EXÚ ORIXÁ



Como através de uma simples estratégia, Exú transforma a sorte e a vida de um indigente.

Era uma vez um homem pobre e peregrino.
Um dia, ele consultou gente competente
E fez como lhe fora dito.
Preparou um ebó com muita dificuldade.
Exu, então, vendo todo aquele esforço,
Quis muito ajudar aquele homem.
Uma vez, quando o mendigo e um milionário
Caminhavam pela mesma rua,Exu preparou
A estratégia para mudar a sua vida e o instrui.
A ridicularizar sem parar o milionário.
Em voz bem alta devia o mendigo dizer
Que ali não havia ninguém importante,
Senão ele mesmo, o mendigo.
Enquanto isso, Exu instigava o milionário, dizendo:
Não tolero esse tipo de gente, esses pobres.
Muda-o com força da tua fortuna, vamos.
Como o milionário se sentisse de fato
Ofendido com a petulância do pobre,
Resolveu ajuda-lo para mostrar quão rico era.
O rico tomou o pobre pelo braço e pôs-se
A passear junto com ele aqui e ali,demonstrando
Terem a maior intimidade.
Todos viram aquilo e tiraram a mesma conclusão.
Se o rico lhe dava o braço, rico também seria ele.
Assim , em todo o comércio, todos ofereceram
Crédito para tudo o que o mendigo quisesse.
Tendo assim tanto crédito, pôde ele fazer muitos
Negócios e com cada negócio mais crédito lhe era oferecido.
Até que enriqueceu.
Assim o pobre ficou rico graças à artimanha de Exu.

Não são poucas as maneiras que Exú pode interferir na vida e na condução dos destinos dos homens.

UM POUCO SOBRE O "PANO DA COSTA"

O que é e porque usar o Pano da Costa nas funções religiosas do Candomblé:

Os primeiros Alakás, ou panos da costa, vieram nos corpos das escravas, que eram vendidas neles enroladas, para depois serem tecidos no Brasil, no século XVIII.
O pano da costa saiu da Costa do Marfim, na África, como um complemento da vestimenta das mulheres negras, no Brasil foi introduzido no culto dos orixás e daí transbordou para outras áreas da cultura.

Patrimônio cultural imaterial, herança afro descendente, o pano da costa
é produzido em tear manual, e é formado por tiras de dois metros de comprimento, com largura entre 10 a 15 centímetros, que são depois costuradas. A sua produção local quase cessou, mas a partir da década de 80 passou a chamar a atenção de etnógrafos, e hoje vive uma nova fase.

As estampas, os bordados, os modos de prender o tecido ao corpo revelarão reflexos de um entendimento de mundo. Os teares, os fios, as tramas se fazendo captarão um conhecimento se atualizando.

Usado sobre os ombros o pano-da-costa teria como principal função, de acordo com o pesquisador Lodi (2003), distinguir o posicionamento feminino nas comunidades afro-brasileiras.

Geralmente retangular, o pano-da-costa é tradicionalmente branco ou bicolor (listrado ou em madras) podendo ser bordado ou com aplicações em rendas.

O nome pode ter derivado de sua origem (a Costa do Marfim, na África) ou do fato dele ser usado preferencialmente jogado sobre os ombros e costas.

As fantasias da ala de baianas das escolas de samba freqüentemente exibem panos-da-costa. Muitas vezes esses elementos são transfigurados para se adaptarem aos temas da roupa.

Presença e distintivo do posicionamento feminino nas comunidades religiosas afro-brasileira, o pano-da-costa, não é apenas um complemento da indumentária da mulher; é a marca do sentido religioso nas ações da mulher como iniciada ou dirigente dos terreiros.

Observemos a profunda conotação sócioreligiosa desse simples pedaço de tecido, que atua em tão diversificadas situações, desempenhando papéis dos mais significativos e necessários para a sobrevivencia dos rituais africano.

O pano-da-costa identifica a mulher feita, mesmo que ela naum esteja de roupa de santo completa.

A situação do pano-da-costa é de maior importância, se colocarmos a presença da mulher como símbolo do poder sócioreligioso e arquétipo dos valores mágicos da fertilidade, isso motivado pelas formas anatômicas características da mulher.

O sentido protetor do pano-da-costa é outro aspecto que merece atenção.
As Yaos, ao terminarem o período de feitura começam a travar seus primeiros contatos com o mundo exterior protegidas pelo pano-da-costa branco, que representa o prolongamento do Ala de Oxala, envolvendo praticamente todo o seu corpo no grande pano-da-costa, procura manter os valores religiosos de sua feitura quando em contato com os valores profanos encontrados extramuros dos terreiros

Nos sirruns/axexes, a mesma proteção do pano-da-costa, ateado como capa envolvente mágica, aparece guardando as mulheres das presenças de egum.


O pano-da-costa é de uso exclusivo da mulher nos cultos africanos, porque uma das principais funções do mesmo é proteger os orgão reprodutores das mulheres, das Yamis.


Concordo com toda essa parte a cima transcrita do livro. Nos rituais de sirrum/axexe as mulheres usam dois panos-da-costas branco: um protegendo seus ventres e outro sobre os ombros como uma capa que envolve todo o seu colo e seios.
Foto wikipedia
A ilustração de Debret mostra diversas "baianas" numa rua do Rio de Janeiro do século XIX. Note a variedade de panos-da-costa.

O pano-da-costa deve ter no minino 60 cm de largura para que possa proteger os orgãos que necessitam de proteção. As famosas mães de santo não usam o pano- da -costa na cintura nunca.

No Rio de Janeiro convencionou- se que o pano-da-costa deve ser usado de acordo com a idade de santo, isto é, só usa preso acima dos seios aquelas que ainda são yaos. Esta errado, pano-da-costa é para ser usado dessa forma mesmo independente da idade de feitura, quando muito, pode-se enrolar até abaixo dos seios.

De alguns anos para cá os homem aderiram o pano-da-costa, mas nenhum deles até agora explicou o porque de usa-lo e nem podem explicar pois o mesmo é de uso exclusivamente feminino.

Observem que as santas mulheres usam o pano-da-costa, os santos homens usam o pano-da costa amarrados no ombro lembrando um Alaka (esse sim pertence ao homem) ou amarrado para tras, ou simplesmente ficam com o peito nu adornados pelas conta e brajas.

Em algumsa casa encontramos abians usando pano da costa, esse procedimento esta errado.
As abians ainda não tiveram seus pontos de energias abertos durante uma feitura, portanto as mesmas não necessitam dessa proteção ainda.



Autora da peça acima : Iraildes (artesã)
Arquivo do site: www.acasa.org.br
Descrição física:
"Quatro tiras de cerca de 15 centímetros de largura compõem o pano-da-costa tradicional sob todos os aspectos, ou seja: textura de tecido, tamanho, técnica artesanal, respeito simbólico às cores dos orixás, voduns e inquices". (pg. 20)

"De formato regular é composto de tiras tecidas artesanalmente em tear, depois costuradas manualmente, e apresentam padrões em geral geométricos e bicolores". (pg.17)

Comercialização:
"O poder aquisitivo das filhas-de-santo, no entanto, não alcançava o preço cobrado, e a produção era então canalizada para os turistas ou colecionadores, atraídos principalmente pelo valor estético".

Técnicas:
Tecelagem

Descrição do processo técnico:
"Há dois tipos distintos de teares nessa produção: o tear feminino, em que a mulher trabalha em pé, e o masculino em que o homem trabalha sentado. (...) Em Jacarandá, e 'trabalhado' há mais de cem anos, era constituído de lisso, pente, taboca, fuso, peso de madeira, vergalhão, roda, canela ou cuia (meia cabaça) e pedal."
"A linha hoje utilizada é industrializada, substituindo os fios preparados, do algodão, pelo artesão".

Utilização:
Vestuário

Contexto socioeconômico:
"(...) Alakás - utilizados por pessoas na posição graduada na organização sócio-religiosa dos terreiros. Evidência status social e econômico".

"Da costa, foram muitos os produtos trazidos para o Brasil... Trata-se da costa africana, mais precisamente a ocidental - do ouro, dos grãos, da malagueta, de escravos também. Costa, portanto, que significa espaço geográfico, econômico, social e cultural africano". (p. 14)

Contexto cultural:
"O pano-da-costa branco pertence a Oxalufã e Oxaguiã, o vermelho e branco, a Xangô e Iansã, azul e branco a Oxóssi, vermelho e amarelo é dedicado a Ogum, e o roxo e branco a Omolu e Nanã". (pg.17)

"As matrizes africanas se evidenciam, sobretudo, quando se refere ao "âmbito sagrado (o candomblé, o xangô, o mina)... É nesse âmbito que se destaca o pano-da-costa, objeto-emblema feminino de indumentárias rituais religiosas. Por processos sociais e caminhos estéticos, o pano-da-costa é definitivamente integrado à tão celebrada roupa de bahiana, verdadeira montagem afro-islâmica-européia, de brasileiríssima criação".

"A irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, na cidade Bahiana de cachoeira, durante o mês de aogosto realiza uma grande procisão organizada pelas mulheres negras da irmandade...otraje da cachoeirana é chamado de beca ou naiana de beca, seu pano-da-costa é um pouco menor, possuindo, no entanto, a mesma importânica social, religiosa e moral que determina significados da mulher". (pg. 20)

"Existem panos de Oxalá, de Ogum, Oxumaré e Ewá, que têm nas cores do arco íris os seus símbolos, e os panos de Iemanjá, Abaluaiê e Nanã, que são representados pela cor roxa".

"O traje de baiana é uma rica e complexa montagem de panos. Anáguas, várias, engomadas, com rendas entremeios e de ponta; saia, geralmente com cincommetros de roda, tecidos diversos, com fitas, rendas entre demais detalhes na barra. Camizu, geralmente rebordada na altura do busto, bata por cima e em tecido mais fino, pano-da-costa de diferentes usos - pano-de-alaká, africano, tecido de tear manual, outros panos industrializados, retangulares, visualmente próximos das peças da África. 'Estar de saia' ou 'usar saia' pode referir-se ao elaboradíssimo conjunto que monta a roupa típica da baiana".

"Nos candomblés, as roupas de baianas ganham sentido cerimonial e sua elaboração costuma manter aspectos tradicionais". (...) "Ainda em âmbito religioso, a baiana é base para as roupas dos orixás, voduns e inquices, acrescidas de detalhes peculiares em cores, matérias e formatos, a que se somam as ferramentas, símbolos funcionais dos deuses".

FONTES E REFERÊNCIAS:
O pano da costa
Argumento para filme etnográfico
Autor: Cassio Barbosa Sader
https://docs.google.com/Doc?id=drhqnrm_44v5xhgkcc&pli=1
http://www.acasa.org.br/arquivo_objeto.php?reg_mv=OB-00565
http://www.marceloalban.com.br/index_arquivos/panodacosta.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pano_da_costa
Fonte: LODY, Raul. O que que a bahiana tem: pano-da-costa e roupa de baiana. Rio de Janeiro: FUNARTE/CNFCP, 2003.


"Peça indispensável no traje da negra baiana, o pano-da-costa pode significar status social nas comunidades religiosas dos terreiros de candomblé". (pg. 15)

“Tem torço de seda, tem!
Tem brincos de ouro, tem!
Corrente de ouro, tem!
Tem pano da costa, tem!”
Dorival Caymmi

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